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A queda de Lupi e o instinto de Dilma

Embora tenha ficado irritada com a decisão da Comissão de Ética da Presidência da República, que deveria reportar diretamente a ela, Dilma Rousseff tem outros motivos para manter, por enquanto, bem entendido, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, no cargo. Dilma não gostou da publicidade dada ao caso, antes mesmo que ela fosse oficialmente comunicada da decisão do colegiado. Tanto que ganhou tempo, pediu mais detalhes e explicações e embarcou para sua viagem programada à Venezuela. Deixou a crise para trás, correndo o risco calculado de ficar com o ônus de cumplicidade com o ministro por mais tempo. Na volta, a carta de demissão de Lupi já deve estar sobre sua mesa ou a caminho.

A presidente pretendia deixar para demitir Lupi junto com a reforma ministerial, para não ser obrigada a manter um pedetista na pasta do trabalho. Arranjava outro ministério para abrigar o partido e não deixava ninguém melindrado. Carlos Lupi sai da equipe de Dilma, mas não cai no ostracismo. Volta à presidência do partido e terá a insatisfação de boa parte da bancada na Câmara dos Deputados e de mais da metade do Senado a seu favor. Tudo pode começar com uma declaração de independência, como fez o PR do senador Alfredo Nascimento. E pode virar oposição, de olho em 2014.

Por isso Dilma teve tanta paciência, além é claro de saber que Lupi se abrir a boca vai fazer estrago grande. Na opinião de um pedetista de alto escalão, Dilma tinha que tratar Lupi com carinho, se tirá-lo do governo, tirar carinhosamente. Foi o que ela fez. Se o próprio Lupi realmente deixar o governo, terá dividendos políticos por ter seguido seu instinto. Talvez o instinto de mãe, quem sabe o de avó. E diziam que era Lula o instintivo.

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