JOANICE DE
DEUS
Imagem ilustrativa |
Devido
à ausência de uma política pública que se mostre eficaz para enfrentar o
desafio, moradores de rua se espalham pelos mais diversos cantos de Cuiabá. Aos
olhos da população o número de indivíduos que vivem ao relento e ocupam espaços
públicos movimentados da cidade, onde pedem esmolas ou doações e consomem
álcool e outras drogas, é cada vez maior. Já dados da Prefeitura Municipal
estimam em 450 indivíduos. Porém, o levantamento é de 2014.
Um
exemplo é a Avenida Historiador Rubens de Mendonça (CPA), conhecida por sua
variedade de bares e restaurantes, com expressiva vida noturna e ampla rede de
empresas, bancos e hotéis. Hoje, a avenida é um dos redutos das pessoas que
perambulam diuturnamente pelas ruas da cidade.
Quem
transita pelas calçadas da Rubens de Mendonça precisa tomar cuidado para não
pisar em um deles ou sobre as “camas” de papelão esparramadas pelo chão. Por
lá, no início da manhã da última quarta-feira, por exemplo, indivíduos dormiam
em ao menos três pontos distintos da avenida. Em um desses locais, outros dois
pedintes abordavam motoristas e clientes que entravam e saiam de uma padaria.
O
problema revolta os comerciantes e empresários da região. “Dizer o quê? A
situação é essa que você está vendo e a gente não pode fala nada para eles que
é ameaçado. Os clientes nem saem do carro e já são abordados e ainda há aqueles
que tomam as dores dizendo que a culpa não é deles”, lamentou a empresária
Deuzuita Ribeiro.
Em
frente às fachadas dos estabelecimentos, os transtornos causados pelos
“inquilinos" indesejados vão desde o mau cheiro, a falta de higiene a
problemas de segurança e de consumo de drogas. “Já arrombaram aqui diversas
vezes. Na última (há um mês), o alarme disparou e desistiram”, contou. “São vários
e tem aumentado, sim. Você vê muita gente nova, mas os antigos continuam”,
acrescentou. Muitos ainda promovem brigas entre si, tomam banho ou satisfazem
suas necessidades no local.
O
aumento também é constatado por Marilza Monteiro, voluntária da Pastoral de
Rua, projeto desenvolvido pela comunidade católica que leva evangelização,
acolhimento e faz encaminhamento para assistência social, tratamento de saúde
ou recuperação dessas pessoas. “Realmente, temos percebido muita gente nova na
rua. Percebemos isso porque nos familiarizamos com o rosto deles e temos
verificado muita gente diferente, que veio em busca de uma vida nova e de
trabalho, mas não conseguem”, frisou.
Preocupada
com essa situação, Monteiro informou que a coordenação da Pastoral pretendia
ainda nesta ultima semana procurar a Secretaria Municipal de Assistência Social
para tratar do assunto. “A gente quer ver se existe um levantamento recente de
quantos são até por que os albergues estão mais lotados. Esses dias procuramos
uma vaga e não achamos”, comentou.
Na
capital, a população de rua perambula e se abriga em outras ruas, viadutos e
praças, como a 8 de Abril (Choppão), a João Bueno e Luis Albuquerque, ambas no
Porto, Beco do Candeeiro, no Centro Histórico, além de se concentrar em cracolândias,
como a que fica na Rua Tereza Lobo, no bairro Consil. A Luis Albuquerque, por
exemplo, é um dos locais escolhidos por um grupo formado por 15 a 20 homens e
mulheres. Lá, eles dividem os bancos e o coreto, comem, dormem e consomem
álcool e outras drogas.
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