Com histórico criminal de mais de 25 anos, o líder da principal
quadrilha de roubos de gado e defensivos agrícolas, que atuava em Mato Grosso,
Quezil Góes de Siqueira, 50, morto durante a operação "Boi Bandido",
da Polícia Judiciária Civil, em Barra do Bugres (168 km a Médio-Norte), era
investigado em assassinados na região de Arenápolis (258 km a Médio-Norte) e
diversos roubos cometidos no Estado.
A ação integra a operação da Segurança Pública "Top Five", com
o objetivo de identificar e prender lideranças criminosas que agem em roubos na
zona rural. A ação cumpre determinação da Secretaria de Estado de Segurança
Pública para redução dos roubos de gado e defensivos agrícolas.
Com registros criminais desde o ano de 1990, por vários roubos
praticados e homicídios, além de seis mandados de prisão cumpridos ao longo de
mais duas décadas de crimes, o criminoso Quezil tem fama de matador de aluguel
na região Médio-Norte. Em uma das ocasiões que foi preso, há cerca de 8 anos,
pela Polícia Civil na região de Tangará da Serra, o criminoso teria confessado
15 homicídios, mas não deu detalhes das vítimas.
"A fama dele é de pistoleiro. Há informações que estão sendo
trabalhadas em alguns homicídios. Mas nessa região tem a lei do silêncio. Tem
muitas informações que não estão materializadas nos autos", destacou o
delegado regional de Diamantino, Sérgio Paulo de Oliveira Medeiros.
O assaltante mato-grossense também respondia por homicídio no interior
do estado do Paraná, em 2005. Um ano depois, 2006, ele apareceu como procurado
no programa "Linha Direta" pelo crime cometido a mando do marido da
vítima para ficar com a herança dela.
A quadrilha liderada por Quezil foi desarticulada na quinta-feira
(05.06) passada e resultou na prisão de quatro criminosos, na morte de dois e
ferimento do delegado Nelder Martins Pereira e o investigador Antenor Francisco
da Silva. O investigador que levou um tiro na perna recebeu alta hospitalar na
segunda-feira (08) e o delegado, atingido na lateral do tórax, permanece em
observação em um hospital em Cuiabá. Ambos estavam de coletes a prova de bala
da ação.
Foram presos: Adenilson da Flores Cavalcantei, Jovanir das Flores Cavalcante,
Carlos José Freitas, Frankione Lemes Chaves, pelos crimes de roubo qualificado,
associação criminosa, resistência a prisão e cárcere privado. Na ação morreram,
o líder do bando Quezil e Alexandre Bezerra. Outros membros da quadrilha são
procurados.
Com os bandidos foram apreendidos cinco armas de fogo, sendo três
pistolas e dois revólveres, três motocicletas, três carretas e dois veículos,
além de produtos recuperados da sede fazenda que já estavam dentro de um
veículo, de propriedade de uma das vítimas.
Quezil Góes de Siqueira é natural de Alto Paraguai (218 km a
Médio-Norte) e na região sua organização executou roubos em fazendas dos
municípios de Tangará da Serra, Alto Paraguai, Nobres, Rosário Oeste, Campo
Novo dos Parecis, mas também há registro da atuação do grupo no Oeste de Mato,
na região de Rio Branco e Salto do Céu.
De acordo com as investigações, pelo menos 22 pessoas integram a
quadrilha, sendo que 16 pessoas foram presas, durante as investigações, além
dos presos na operação e dos dois mortos.
Na semana passada, monitoramento do Núcleo de Inteligência da Regional
de Tangara da Serra levou a Polícia Civil a descobrir que a quadrilha iria
cometer novo assalto, em uma fazenda a 40 km do município de Barra do Bugres,
nas proximidades do Distrito do Currupira.
Quadrilha pretendia roubar cerca de 150 cabeças de gado, que seriam
transportadas em três carretas. Com a informação de que o gado seguiria para
região de Tangará da Serra e Jangada, equipes policiais da Gerência de
Operações Especiais (Goe), de Tangara da Serra, Nova Olímpia e Barra do Bugres
foram posicionadas em pontos estratégicos das duas localidades para interceptar
o carregamento. Duas das carretas foram abordadas na barreira. Uma delas vinha
na frente, quando foi parada pelos policiais. O motorista estava na posse de
uma pistola 40 e foi preso.
Entre as duas carretas vinha um veículo Vectra, que servia de batedor,
quando percebeu a abordagem da primeira carreta diminuiu a velocidade e dois
ocupantes do automóvel fugiram mata adentro, abandonando o carro que foi
apreendido. O motorista do segundo caminhão jogou o veículo contra a viatura da
Gerência de Operações Especiais e atirou contra os policiais, que revidaram
atingindo o condutor, que foi a óbito, antes da chegada da ambulância de
socorro.
Reféns
O primeiro caminhoneiro se entregou e levou os policiais até o local do
assalto, onde haviam mais seis assaltantes na fazenda. Os bandidos estavam na
propriedade deste o final da tarde de quinta-feira e lá renderam 19 pessoas que
estavam no imóvel rural, sendo 5 crianças, 6 mulheres e 8 homens.
Inicialmente a polícia acreditava que eram oito os reféns, mas quando os
policiais chegaram na propriedade encontraram as vítimas em dois quartos.
"No primeiro cômodo tinha seis homens adultos trancados dentro. No segundo
quarto, tinha cinco crianças entre 2 e 6 anos, e seis mulheres e mais um
adolescente e o gerente da fazenda", disse um investigador da Gerência de
Operações Especiais (Goe), que esteve na operação.
De acordo com o policial, a quadrilha agiu com muita violência chegando
a desferir um soco no estômago de um idoso e outro no rosto de um homem. As
vítimas contaram aos policiais, que por volta das 16h30, do dia 5 de junho,
cerca de 10 homens fortemente armados invadiram a propriedade fizeram todos que
estavam no local reféns.
Os criminosos também abordaram moradores que passavam pela estrada de
acesso e levaram todos para a fazenda. "Eles ameaçavam matar, manobravam
as armas em frente as crianças e deram tiros para assustar", informou o
policial.
Investigação
O delegado regional de Tangara da Serra, Alexandre Morais Franco,
informou que a quadrilha era monitorada já 3 meses por agir em vários roubos de
gado e defensivos agrícolas por toda região do Médio-Norte e também no Oeste de
Mato Grosso. "São assaltantes que agem com violência e usam armamento
pesado. Eles adentram nas propriedades, rendem famílias e funcionários, separam
e carregam o gado em caminhões", pontuou o delegado.
Para o delegado, com a desarticulação da quadrilha os roubos em
propriedades rurais devem reduzir drasticamente, pois a organização era a
principal que atuava na região Médio-Norte e Oeste de Mato Grosso.
"Acreditamos que os roubos de gado e defensivos devem diminuir
significativamente trazendo mais paz no campo", destacou.
Linha Direta
Apontado como pistoleiro de aluguel, Quezil Goés, no ano de 2006,
apareceu no programa Linha Direta, da Rede Globo, como acusado de assassinar
uma mulher, em Paranavaí, no interior do estado do Paraná, pelo valor de R$ 2
mil. O criminoso foi contratado pelo marido da vítima, o bancário José Delfuzzi
Filho, para matar a esposa, Luiza Bergo Delfuzzi, 58 anos, herdeira de um
patrimônio avaliado em R$ 6 milhões.
O crime aconteceu no dia 12 de maio de 2005. A vítima foi morta por
vários golpes de faca depois de sofrer ameaças de morte do marido, que não
aceitava o pedido de separação.O mentor do crime, José Delfuzzi, contratou o
pistoleiro Quezil, em Nova Marilândia (MT), para onde se mudou sozinho depois
de se aposentar e
com Assessoria PJC/MT
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