O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), foi malhado como Judas, em cortejo que o Sindicato dos
Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Ceará (Sindsaúde) e a
Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) realizaram na manhã desta
quinta-feira, 2, em Fortaleza. "Escolhemos o Eduardo Cunha, porque ele
representa o que há de mais atrasado na política brasileira", disse Marta
Brandão, presidente do Sindsaúde.
O grupo, formado por 300 pessoas, partiu da Praça da Lagoinha e
andou por quase um quilômetro até a Praça do Ferreira, no Centro de Fortaleza,
onde foi lido o seguinte "testamento" do boneco que simbolizava o
presidente da Câmara: "Tendo por alvo os direitos dos nossos
trabalhadores, vamos fazendo os ajustes nesse planalto de dores, cercado de
chantagistas, vilões e achacadores, relembrando a Via Crucis, que estremece a
Nação, expondo o trabalhador à constante humilhação com restrição de direitos e
à terceirização".
O sindicalista Aguinaldo Aguiar informou que a ideia do cortejo
foi relembrar a Via Crucis do trabalhador brasileiro e mostrar que, "com
um Congresso mais conservador, os desafios são ainda maiores para a classe
trabalhadora". Segundo o sindicalista, o nome de Eduardo Cunha foi
escolhido para Judas, porque ele pautou para este mês de abril o Projeto de Lei
(PL) 4330, que expande a terceirização. Os trabalhadores se queixam de não ter
havido, até o momento, qualquer tipo de negociação com as centrais sindicais.
Na opinião de Aguinaldo Aguiar, o PL vai "liberar geral"
a terceirização e deixar o serviço público no Brasil em uma situação ainda mais
difícil. "Pelo clima do Congresso, mais especificamente na Câmara, onde a
bancada empresarial tem 221 representantes contra 51 da bancada sindical, se
não houver uma articulação nacional, rápida e permanente, o PL 4.330, será
aprovado sem nenhum problema. Cabe aos sindicatos agora mobilizarem os
trabalhadores em defesa da democracia", avaliou o sindicalista.
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