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Então, fica assim...!

O colega jornalista Onofre Ribeiro, também leitor deste blog, me envia artigo de sua lavra para publicação. Confira:

O episódio Renan Calheiros x Senado Federal pode ser lido como uma equação assim: Senado Federal x Opinião Pública Brasileira. Mas pode ser lido também como um título só: Danem-se Vocês Todos!

A história dos episódios políticos que resultaram em grandes transformações está repleta de exemplos de abuso da boa vontade da opinião pública. Um dos mais gritantes foi a célebre frase da rainha Maria Antonieta: “se não tem pão, por que o povo não come brioche?”. Ou a frase-símbolo do testamento político do presidente Getúlio Vargas?: “saio da vida para entrar na História”.

São em geral frases desesperadas quando já se perdeu a noção da realidade. Esse tipo de frase acaba potencializando e fazendo derramar a bacia cheia. É o caso do senador Renan Calheiros e do Senado Federal.

Um presidente desvairado pelo poder, encrencado de corrupção, de mentiras e de pecados, associado com uma instituição pública corporativa que insiste em ignorar a existência de uma opinião pública que já se manifestou em ocasiões anteriores. É bem verdade que a opinião pública brasileira é temperamental e despreparada.

É com isso que o presidente Lula vem contando, com sucesso, para dirigir o país como um grande rebanho alimentado por cestas básicas. Ou, é com isso, que todos os escândalos e os seus agentes contam para continuar tocando as suas falcatruas com toscas explicações em notas oficiais e em pronunciamentos lidos para a mídia, com falsas emoções e sensibilidade de mercadores.

É impressionante como a opinião pública brasileira é frágil. Impressionante, também, como a imprensa brasileira limita-se a noticiar o que lhe chega às mãos e não reflete sobre os fatos que publica. É como se fosse uma linha de montagens de carros: agora um branco, depois um vermelho, outro amarelo e depois mais um branco, sem se dar conta de que cada um é um, apesar de tantas semelhanças.

Até 2002, a opinião pública brasileira vinha sendo construída de uma forma gradual, com erros e com acertos. Ora reagia diante de um fato grave, ora se omitia, mas reagia bem ou mal. Depois das bolsas-família e afins, a divisão da sociedade em duas parcelas distintas, dividiu também as opiniões da opinião pública. De um lado, a grande massa satisfeita com o pouco que recebe, tratado como “resgate da dignidade”.

E, de outro, os que pagam isso e não são levados em conta. Divididos social e economicamente, não tem porque se unirem sob qualquer interesse e nem sob qualquer hipótese. É com isso que conta o arrependido senador Renan Calheiros quando ironiza sobre a sua precária situação e se agarra em pedaços de táboas do naufrágio.

Do lado de cá, a opinião pública acha engraçado tudo isso. Por que? Pergunta, se é tão natural que tudo fique como sempre esteve...!

Onofre Ribeiro é articulista de RDM e do jornal Diário de Cuiabá onofreribeiro@terra.com.br

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