No discurso de posse do primeiro mandato, 1º de janeiro de 2003, o presidente Lula sentenciou: se ao final do governo ainda existir um brasileiro que não tenha as três refeições básicas do dia (café da manhã, almoço e janta), a sua passagem pelo poder não teria valido a pena. Exagerou, é bem verdade. Ou jogou para a plateia, o que ele faz como ninguém.
Lula sabia, como qualquer cidadão inocente também, que seria impossível acabar a miséria num país que tropeçou nos próprios erros em 500 anos. Ele não tinha, como não tem, o poder da mágica. Pois bem. Continua imenso o universo de miseráveis nos quatro cantos da nação verde e amarela. Brasileiros que não têm direito ao prato de comer, num estado de humilhação que depõe contra a cidadania.
A própria Constituição esqueceu de amparar os filhos famintos, na ausência, em seu texto, da garantia de direito à alimentação. Falha que o Congresso Nacional mostra-se disposto a reparar.
A Comissão Especial da Câmara dos Deputados aprovou ontem a inclusão do direito à alimentação no artigo 6.º da Constituição, como um dos direitos sociais.
A PEC ainda precisa ser aprovada em dois turnos no Plenário do Senado, porém é praticamente certo que passará pelo seu crivo.
A partir daí, a alimentação passará a figurar ao lado de educação, saúde, habitação e outros direitos que se constituem em cláusula pétrea e não podem ser diminuídos ou eliminados. Aí, sim, será feita a justiça social, independentemente dos interesses políticos ou cores partidárias.
Quem sabe, um dia, o café da manhã, almoço e janta passarão a ser realidade na mesa de todos os brasileiros.
0 Comentários