Como todo gênio, o cantor-compositor Caetano Veloso é polêmico. As recentes críticas à incultura do presidente Lula acrescentaram mais burburinho ao seu currículo.
Em entrevista hoje ao jornal "O Globo", ele fala sobre essa celeuma, focando uma realidade contemporânea, que é a imposição de incenso ao presidente, numa espécie de "ditadura do elogio".
Veja um pouco do pensamento de Caetano:
- Os elogios que recebo, em geral, são bastante envergonhados. Eu acho ruim, no Brasil hoje, ninguém poder dizer nenhuma palavra que pareça ser antipática, crítica ou hostil a Lula. Por que não pode?
É muito ruim, isso. Isso é um projeto que aconteceu na União Soviética, com Stálin, na China, com Mao Tsé-Tung, acontece ainda em Cuba, com Fidel.
Não se pode dizer, só se pode adular o líder. Isso para mim é o que há de pior.Nesse ponto, eu nem me incomodo de o jornal ter distorcido o que eu disse, botando, na primeira página, como se eu tivesse querido agredir o Lula e compará-lo com Marina.
Eu estava comparando Marina com Lula e com Obama. Como Lula, ela é de origem humilde etc; como Obama - e diferentemente de Lula -, ela escreve bem, fala bem.
Lula, de fato, usa metáforas cafonas, linguagem grosseira e erra a gramática do português, a norma culta. Todo mundo sabe que é assim.
Os linguistas aplaudem, o povo acha bom, eu também acho bom, eu votei em Lula chorando, para se eleger - não para se reeleger.
Eu chorei dentro da cabine. Chorei de emoção. Pode ser que eu chore quando vir esse filme, porque eu chorei vendo "2 filhos de Francisco" e possivelmente chorarei vendo "Lula, o filho do Brasil".
Mas talvez não chore tanto quanto chorei no dia em que votei em Lula para presidente.
Nota do Blog - Como a militante de esquerda Rosa Luxemburgo afirmava, "A liberdade apenas para os partidários do governo, apenas para os membros do partido, por muitos que sejam, não é liberdade.
A liberdade é sempre a liberdade para o que pensa diferente".
Lula é o maior fenômeno político brasileiro de todos os tempos, mas não pode estar imune às críticas e denúncias. Não pode pairar acima do bem e do mal.
Há uma atmosfera fascista, que estigmatiza todo e qualquer mortal que discorda do presidente e seu governo. Ao mesmo tempo, não tenho dúvidas, que muito da antipatia a Lula decorre de um inconsciente preconceituoso, herança multissecular de uma sociedade excludente e intolerante, incapaz de conviver com o sucesso alheio.
Principalmente quando deriva de alguém com origem nordestina paupérrima. Lula é o filho de um Brasil miscigenado, que teima em transplantar modelos, quando deveria se aperfeiçoar como nação, civilização com características próprias e capaz. Com Carlos Santos
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