O presidente Lula está certo quando diz que “não é bom para a consciência política do país a prisão de um governador”. Realmente, não é. Agora, a prisão do governador José Roberto Arruda é um marco na política brasileira.
Nesse caso, a Justiça agiu antes que o mundo, quase sempre sujo, da política tome suas decisões. Alguém duvida que Arruda caminharia para a impunidade se o seu destino ficasse nas mãos do Legislativo? Pouco provável.
Casos e mais casos que se acumulam no universo da impunidade são provas irrefutáveis de que nada acontece com a porção corrupta do país. Normalmente, os casos estão aí para confirmar. O Legislativo costuma se antecipar para poupar o político corrupto. O Judiciário, quase sempre lento, age depois.
No caso de Arruda, a Justiça correu a passos largos e surpreendeu até os mais otimistas. A decisão dos ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de mandar para a cadeia o governador corrupto contraria a ideia de que a impunidade tão alimentada pela Justiça motiva a sucessão de crimes que castigam o país.
Talvez, e provavelmente, Arruda tenha confiado na impunidade, baseado em episódios passados, para acreditar que era possível sair ileso do escândalo do panetone, mesmo diante das chocantes imagens de dinheiro nas meias e cuecas.
Daí, entender o seu desabafo na carta aberta aos correligionários e amigos, na qual lembra que nos “momentos mais graves” da política, como o “mensalão do PT” ou o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello, “não se viram medidas judiciais coercitivas dessa gravidade”.
É verdade. Porém, não se deve pautar a vida em exemplos negativos. Os erros do passado não justificam a corrupção do momento. Então, é possível acreditar que a prisão do governador do Distrito Federal, determinada pelo STJ, seja o início de uma longa fila de futuros presos.
A partir daí, quem sabe, presidente, governadores, prefeitos, deputados e vereadores entendam que a política é coisa séria.
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