3 de Março - 2020 |
A Organização Mundial da Saúde (OMS) insiste que não existe motivo para que o coronavirus seja declarado uma pandemia, principalmente na América Latina onde os casos são limitados. Mas a entidade alerta que todos precisam preparar planos em caso de uma transmissão maior entre a população.
Nesta terça-feira, o jornal Folha de S.Paulo revelou como
uma parcela do governo brasileiro estaria irritada com o comportamento da OMS
diante de sua demora em declarar a pandemia.
Questionado pela coluna, a direção da agência de saúde
rebateu as críticas.
“Se vamos levantar a bandeira branca com apenas um ou dois
casos, temos um sério problema”, criticou Michael Ryan, diretor-executivo do
programa de emergências da OMS.
Na declaração de uma pandemia, a estratégia de conter e isolar
casos seria trocada por um plano de mitigar o impacto na sociedade. Na prática,
a medida seria um reconhecimento de fracasso do plano usado até agora.
Segundo ele, existem países que estão “se sacrificando” para
conter a doença e o mundo deve usar o tempo para se preparar.
Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, tampouco aceitou a
ideia de uma declaração de pandemia, pelo menos por enquanto. “Por qual motivo
levantar a bandeira branca se ainda podemos conter?”, questionou. “É
irracional. Não há motivo para se entregar”, insistiu.
A entidade insiste que a proliferação em grande escala
estava sendo registrada apenas em cidades chinesas, com casos fora do país
asiático ainda podendo ser contidos. Isso, em termos técnicos, não
representaria uma pandemia e, portanto, a entidade resistiria em passar para um
nível superior de alerta.
Enquanto Tedros explicava a situação na sala de operações da
entidade, telões pelas paredes mostravam a dimensão do surto pelo mundo: 90 mil
casos confirmados e mais de 3,1 mil mortes.
Desse total de casos, 80 mil estão na China. Mas a expansão
no número de casos na Itália, Irã e Coreia do Sul (4,2 mil casos) transformou a
maneira pela qual a OMS reage à situação. Outro destaque da OMS é a queda no
número de novos casos diários na China, com pouco mais de cem nas últimas 24
horas.
A entidade estima que o país vem registrando uma queda
gradual desde final de janeiro. Tedros revelou que manteve uma reunião
telefônica com o presidente do Chile, Sebastian Piñera, para falar sobre a
situação na região. “A América Latina está na categoria de países sem casos ou
poucos casos”, disse. “Por isso, mantemos a proposta de que foquem na contenção”,
insistiu. Segundo Tedros..
Segundo Tedros, existem apenas sete casos no Equador, cinco
no México, dois no Brasil e um na República Dominicana. “Recomendamos uma
contenção agressiva, enquanto os casos são baixos”, disse. O etíope insistiu
que, apesar do número elevado de casos pelo mundo, 80% dos registros foram
detectados em apenas três países. Em 122 países pelo mundo, o vírus ainda não
chegou. Em 21 países, existe apenas um caso. Apesar de mais agressivo que uma
gripe e uma taxa de letalidade superior, o coronavírus não teria a mesma
capacidade de transmissão dentro de uma comunidade como outros surtos…. –
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