O Reino Unido começou, nesta segunda-feira (4), a vacinar pessoas de grupos de risco contra a Covid-19 com a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica AstraZeneca. O país, o primeiro do mundo a aprovar a vacina, também é o primeiro a começar a aplicá-la.
Segundo o serviço público de saúde britânico (NHS, na sigla em inglês), 520 mil doses estão prontas para serem distribuídas. A vacina é aplicada em duas doses.
Brian Pinker, de 82 anos, foi o primeiro a receber a vacina, em um hospital da própria Unversidade de Oxford, perto de onde a vacina foi desenvolvida. Pinker faz diálise e afirmou que estava muito satisfeito. Ele disse que, agora, espera comemorar seu 48º aniversário de casamento com sua esposa, Shirley, este ano.
O Reino Unido passa por uma nova alta de casos, mais de 50 mil novas infecções por coronavírus por dia nos últimos seis dias. No domingo (3), foram vistos 54.990 novos casos e mais 454 mortes por Covid-19 no país. Mais de 75 mil pessoas já morreram pela doença em solo britânico, um dos piores números da Europa.
Duas vacinas aprovadas
Esta é a segunda vacina aprovada e utilizada pelos britânicos. A primeira foi a da Pfizer, desenvolvida em parceria com a BioNTech, que já é aplicada desde 8 de dezembro em grupos prioritários. O país também foi o primeiro a aprovar essa vacina.
Ao contrário de outros países, o Reino Unido agora planeja vacinar as pessoas com a segunda dose de ambas as vacinas – tanto de Oxford como da Pfizer – 12 semanas após a primeira injeção, em vez dos 21 dias recomendados, para poder imunizar o maior número de pessoas no menor tempo possível.
Além do Reino Unido, a Argentina também autorizou o uso emergencial da vacina de Oxford (e já está aplicando a vacina russa Sputnik V desde a semana passada na população).
Aprovação no Brasil
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou um pedido feito pela Fiocruz para importação excepcional de 2 milhões de doses da vacina produzida pela Universidade de Oxford em parceria com a AstraZeneca. No pedido, a Fiocruz indica que as vacinas vão chegar ao país ainda em janeiro.
A importação é considerada excepcional porque a vacina ainda não foi submetida à autorização de uso emergencial ou registro sanitário, etapa essencial para ser aplicada na população.
Segundo a Anvisa, a aprovação da importação ocorreu no dia 31 de dezembro, mesmo dia em que o pedido foi protocolado pela Fiocruz — que fará a produção da vacina no Brasil.
A Fiocruz também é a responsável por pedir o uso emergencial da vacina e o seu registro; a presidente da fundação afirmou que pretende entregar os documentos finais relacionados aos pedidos até o dia 15. A previsão é que o primeiro lote, com 1 milhão de doses, seja entregue na semana de 8 a 12 de fevereiro.
Na sexta-feira (1º), a Anvisa disse que terminou a análise dos documentos já apresentados pela AstraZeneca sobre a vacina. Na prática, isso quer dizer que a agência “está em dia” com o que foi apresentado até agora e aguarda novos documentos.
Eficácia da vacina
Estudo publicado e revisado na revista científica “Lancet” diz que a vacina de Oxford tem eficácia média de 70,4% e é segura. Os testes ocorreram em diversos países, inclusive no Brasil.
Ela teve 90% de eficácia quando administrada em meia dose seguida de uma dose completa com intervalo de pelo menos um mês, segundo dados dos testes no Reino Unido. Quando administrada em duas doses completas, a eficácia foi menor, de 62%.
A análise que considerou os dois tipos de dosagem indicou uma eficácia média de 70,4%.
Para chegar aos resultados, os pesquisadores analisaram os dados de 11.636 pessoas vacinadas, das quais 8.895 receberam as duas doses completas e 2.741 receberam a meia dose seguida de uma dose completa.
Cerca de 88% dos voluntários analisados (10.218) tinham de 18 a 55 anos de idade, e nenhum participante com 56 anos de idade ou mais recebeu a meia dose seguida da dose completa — que tiveram maior eficácia.
Segundo uma nova análise de dados, 70% das pessoas vacinadas apenas com a primeira dose da vacina de Oxford ficam protegidas após 21 dias. Quando a segunda dose é aplicada 12 semanas depois da primeira, como prevê o governo britânico, esse número sobe para 80%.
G1
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