Cerca de 70 parlamentares disputaram as eleições municipais de 2020. Encerrada a campanha, os gastos de deputados que foram candidatos com divulgação de atividade parlamentar cresceram em média 261,7% em novembro e dezembro na comparação com o restante do ano. No total, eles gastaram R$ 6 milhões em divulgação parlamentar em 2020.
O levantamento do Metrópoles, com base no Portal da Transparência da Câmara dos Deputados, identificou que a alta é superior a observada nos deputados que não foram candidatos a prefeito ou vice-prefeito – estes tiveram um crescimento de 192,9% na mesma comparação.
Para os parlamentares que se candidataram, as médias não foram calculadas levando em conta um total de meses fixos. Isso porque as regras da Casa impedem que gastos sejam ressarcidos durante o período da campanha. Assim, para o período antes das eleições municipais, a soma de gastos com divulgação parlamentar foi dividida pelo total de meses em que houve gastos para cada parlamentar. A mesma lógica foi aplicada para os gastos após as eleições.
Aumento absoluto
Eleita recentemente para o cargo de segunda secretária da Mesa Diretora, a deputada Marília Arraes (PT-PE) registrou um gasto médio de R$ 11,4 mil com divulgação de atividade parlamentar até a eleição e apresentou gasto de R$ 228,8 mil após o pleito, o que corresponde um aumento 3.904%.
Marília, que ficou em segundo lugar na disputa pela prefeitura do Recife em 2020, foi a primeira em gasto absoluto. A petista disputou contra o primo, João Campos (PSB-PE), que foi eleito por 56,3% votos a 43,7%.
O segundo parlamentar com o maior aumento absoluto no total de gastos nessa rubrica foi o agora ex-deputado Edmilson Rodrigues (PSOL-AP), que venceu a disputa para a prefeitura de Belém. Ele gastou R$ 5,4 mil antes das eleições e R$ 154,2 mil depois em média, uma diferença de quase R$ 150 mil – aumentando o gasto em 2.768%.
Aumento percentual
Já o deputado Fábio Reis (MDB-SE) passou do gasto médio de R$ 1,9 mil antes do pleito municipal para R$ 73,4 mil depois da eleição, somado os meses de novembro e dezembro. Reis foi o parlamentar que mais aumentou o gasto em termos percentuais: 9.814%.
O emedebista ficou em segundo lugar, com 39,9% dos votos, na disputa pela prefeitura de Lagartos, em Sergipe. Hilda Ribeiro (Solidariedade-SE) se elegeu, com 48,8% dos votos.
Outro caso curioso é o da deputada Christiane Yared (PL-PR), que não gastou nada com esse item antes da eleição e registrou R$ 136,8 mil após a eleição, em novembro e dezembro. Com 3,9% dos votos, ela ficou em quinto lugar na disputa pela prefeitura de Curitiba. Rafael Greca (DEM-PR) se reelegeu, no primeiro turno, com 59,7% dos votos.
Outro lado
A assessoria de Marília Arraes afirmou que o gasto mais alto no mês de dezembro passado ocorreu por causa divulgação do balanço do mandato impresso e no formato de vídeo para veiculação em TV aberta.
Já a assessoria de Reis disse que o gasto é referente ao material informativo do mandato distribuído por todo o estado de Sergipe. “São dois anos de mandato resumidos em um único informativo”, alegou.
“O aumento citado não tem relação com as eleições municipais, mas com o trabalho dele enquanto deputado. Justamente por isso, o gasto se deu ao final do ano passado, quando Fábio Reis já havia perdido o pleito, mas seguiu como deputado federal”, acrescentou a assessoria do emedebista.
A reportagem também contatou Rodrigues e Christiane Yared, que não se manifestaram. O espaço segue aberto.
A cota parlamentar, instituída pelo Ato da Mesa n° 43/09, destina-se a custear gastos exclusivamente vinculados ao exercício do mandato, com passagens aéreas, combustíveis, hospedagens e divulgação da atividade parlamentar, entre outras coisas.
METRÓPOLES
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