Apesar de representar 51,8% da população brasileira, segundo dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a presença feminina na Esplanada dos Ministérios pouco avançou nos últimos 10 anos. De lá para cá, o aumento no número de mulheres em cargos do governo federal foi de apenas 1,77% – hoje, elas correspondem a 43,3% dos servidores ligados aos 22 ministérios.
Os dados refletem apenas a administração direta, desconsiderando autarquias e fundações. Os números foram levantados pelo (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, com base em informações do Sistema Integrado de Administração de Pessoal (Siape).
Há 10 anos, no primeiro ano de governo de Dilma Rousseff (PT), mulheres eram 41,38% da administração pública federal. O percentual não registrou crescimento durante os cinco anos de mandato da primeira e única mulher a presidir o Brasil. Um pequeno avanço foi observado de 2016 a 2018 e, desde então, o índice se manteve estável.
Atualmente, dos 226.763 servidores de ministérios, 43,3% são mulheres, somando 98.179 cargos na administração pública. Do outro lado, 128.584 cadeiras são ocupadas por homens, o equivalente a 56,7% do total.
Dos 22 ministérios do governo Jair Bolsonaro (sem partido), apenas seis têm maioria feminina. A pasta que possui o maior percentual desse público é a da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, comandada pela ministra Damares Alves. Mulheres representam 61,9% nesse órgão.
Em seguida, aparecem os ministérios do Turismo, com 55,3% de participação feminina; da Educação (55,1%); da Cidadania (54,9%); da Saúde (52,9%); e do Desenvolvimento Regional (50,9%).
Em comum entre esses seis ministérios está o teor social, associado ao gênero feminino. A Ciência Política aponta que comportamentos sociais distintos esperados de homens e mulheres são introjetados desde a criação de meninos e meninas, perpassando toda a educação básica e superior e desaguando na profissão.
“Existe uma visão de senso comum de que as mulheres são mais afeitas a temas das áreas sociais. A estrutura da educação feminina é toda voltada para que a mulher seja a serviçal, a cuidadora. Pouquíssimas de nós somos provocadas a serem resolutoras de problemas. A gente é ensinada a cuidar”, explica a cientista política Beatriz Falcão.
No outro extremo, as pastas com o menor percentual de mulheres são os ministérios da Justiça e Segurança Pública (19,47%) e da Infraestrutura (27,5%). A Controladoria-Geral da União aparece na sequência, com 32,5%.
O Palácio do Planalto, local de onde despacha diariamente o presidente Bolsonaro, também tem baixo índice de mulheres no quadro de servidores: elas representam 26,8% do total. O prédio da Presidência engloba outras pastas, como a Vice-Presidência da República e Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Casa Civil, Secretaria de Governo e Secretaria-Geral.
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