Médicos são investigados pela Polícia Civil e pelo Ministério Público (MP) por falsificarem exames e laudos, de dentro da cadeia, para enganar o Supremo Tribunal Federal (STF) e conseguirem ter direito à transferência para prisões domiciliares. As informações foram divulgadas pelo Fantástico (TV Globo).
Cleudson Montali, preso em setembro de 2020 na Operação Raio-X, na qual foi acusado de liderar uma quadrilha com pelo menos 50 pessoas e desviar R$ 500 milhões da Saúde pública durante a pandemia da Covid-19 , teve sua prisão domiciliar determinada em 12 e abril de 2021 pelo ministro do STF Gilmar Mendes. Para conseguir a transferência, de um presídio para casa, ele teria falsificado exames e laudos. Ele e outros líderes da quadrilha articularam um plano para se livrar da punição.
A Polícia e o MP acreditam que o esquema montado para que Montali ganhasse liberdade foi planejado dentro de um presídio em Araçatuba, interior de São Paulo. As informações necessárias para a criação do laudo falso teriam sido repassadas durante as visitas que, segundo os investigadores, foram 253 no período em que ficou no presídio. Quase uma visita por dia.
Montali fez uma cirurgia bariátrica em 2017 e alegou que não podia seguir o tratamento na cadeia. Além de mudar o resultado do exame de sangue, ele também contou com dois laudos médicos com informações falsas para conseguir a prisão domiciliar. Em um dos documentos, o médico diz que Montali tinha anemia, depressão, ansiedade e outros problemas que poderiam levá-lo a morte.
Segundo a Polícia, a quadrilha responsável pelos laudos e exames chegou a falsificar uma assinatura de um médico no segundo laudo. O documento recomendava o afastamento prisional de Montali com urgência. Dois dias depois dele ser transferido para a prisão domiciliar, mais um médico, Lauro Fusco Marinho, que, de acordo com a polícia, também faz parte da quadrilha, usou a mesma estratégia.
iG
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