Dados dos SIM (Sistemas de Informações sobre Mortalidade), sistema oficial do Ministério da Saúde para registrar óbitos no Brasil, mostram que, de 2019 para 2020, houve aumento de 18,4% nos registros de mortes com causa básica final relacionada a “transtornos mentais e comportamentais devidos ao uso de álcool”.
Em 2020, foram 7.612 mortes, principalmente a partir de abril, logo depois dos primeiros casos e mortes por covid-19 no país. Em todo o ano de 2019, foram 6.428.
Especialistas analisaram dados entre 2010 e 2020 e indicam que o aumento está muito acima da média da última década —na maior parte deste período, houve queda neste tipo de morte.
Entre 2018 e 2019, a elevação havia sido de apenas 0,2%. O máximo de aumento identificado na última década até agora tinha sido em 2011, com relação ao ano de 2010, de 3,9%. E entre 2012 e 2016, a tendência foi majoritariamente de queda”, disse Luciana Vasconcelos Sardinha, médica epidemiologista e assessora técnica da Vital Strategies.
Zila M. Sanchez, professora do Departamento de Medicina Preventiva da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), classifica os dados do Ministério da Saúde como “alarmantes”. “Porque a tendência desses casos que vinha sendo registrada nos últimos seis anos era de queda, e em 2020, com o isolamento por causa da pandemia, começou a crescer”, afirma.
A Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) confirma que existem evidências de que as pessoas com maior probabilidade de aumentar o consumo de álcool já bebiam excessivamente antes da pandemia. Mais de 300 mil mortes por ano são provocadas por doenças relacionadas à ingestão de bebidas alcoólicas, de acordo com a Opas.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirma que não existe limite seguro para o consumo do álcool, e os danos à saúde aumentam com a quantidade consumida.
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