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MACUMBÓDROMO

Por José Carlos Patrício

O mito da democracia racial brasileira escondeu o grande mal que assola o Brasil, o preconceito contra a cosmovisão africana. Esse fato intensifica as barbáries advindas do racismo cultural religioso, tanto material como simbólico.

O tom pejorativo à que as manifestações religiosas africana são referidas, atesta esse preconceito simbólico. O local usado pelos adeptos da religião de matriz africana, para a realização de suas OFERENDAS, comumente é denominado de macumbodrómo.

A denominação depreciativa não é o único fato que atesta a falta de conhecimento sobre a questão, já que o local para a realização das oferendas, geralmente as margens de algum rio, não é levado em conta.

Para o entendimento básico desse fator, não é necessário, porém recomendado, a leitura de “Os Orixás no Brasil” de Eneida Leal, onde a mesma faz uma apresentação dos Orixás, definindo as relações que eles passaram a ter em território nacional entre seus adeptos e a sociedade.

Sem entrar no campo das religiões, podemos recorrer às aulas de histórias para fundamentar uma das escolhas dos ditos locais, uma vez que a manifestação cultural africana, em geral quase todas religiosas, no período escravocrata, eram em terrenos afastados das cidades, em lugares onde os barulhos dos tambores não incomodassem os brancos que dormiam.

Outra bibliografia recomendada, e necessária, é “Falares Africanos na Bahia: Um vocabulário Afro-Brasileiro” de Yeda Pessoa de Castro, onde a autora relata a influência das línguas africanas no português do Brasil, destacando cinco níveis de identificação:

“N1 ou LS- a linguagem religiosa dos candomblés ou língua-de-santo;
N2 ou PS- a linguagem de comunicação usual do povo-de-santo;
N3 ou LP- a linguagem popular da Bahia;
N4 ou BA- a linguagem cuidada e de uso corrente, familiar na Bahia;
N5 ou BR- o português do Brasil em geral (CASTRO, 2001, p.80)”.

Dessa obra interessantíssima, Castro nos dá a definição da palavra Macumba na língua Banto e em seguida no português em geral:

“(banto) 1. (ºPS)- sf. Denominação genérica para as manifestações religiosas afro-brasileiras de base congo-angola, que incorporaram orientações ameríndias, católicas e espíritas, com predominância do culto ao caboc(l)o e preto velho. Prevaleciam no Rio de Janeiro e, ainda hoje, nas zonas rurais. Cf. candomblé, umbanda. Kik./kimb.makuba, reza, invocação.

2. (ºBR)- sf. Sessão de feitiçaria, de magia negra, despacho (CASTRO, 2001, p.270).”
Se o fato de essas denominações estarem enraizadas no cotidiano comum aliviarem o tom de preconceito, ainda temos as imitações , reproduções do estado de possessão dos iniciados e praticantes da religião afro-brasileira. É comum vermos em shows e na TV, as caricaturas depreciativas a que à cultura afro-brasileira é exposta.

ABREVIATURAS
Cf= Conferir, comparar
Sf= Substantivo feminino
(º)= Dicionarizado no AURÉLIO
(CASTRO, 2001, p.132).
REFERÊNCIAS
CASTRO, Yeda Pessoa de. Falares Africanos na Bahia: Um vocabulário Afro-Brasileiro. Rio de Janeiro: Topbooks.

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