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Violência e solidão

 


POR DORJIVAL SILVA

Você já deve ter ouvido algum professor de sociologia dizer em sala de aula que o Estado é a única instituição que possui o monopólio legítimo da violência, ou seja, por meio da violência física pode coagir o indivíduo a agir de acordo com as regras estabelecidas socialmente.

Qualquer outro tipo de uso de violência trata-se do uso ilegítimo da força.

Mas, é aí onde mora o problema. Porque, usurpando de quem realmente é legitimado para usar a violência, grupos de indivíduos na sociedade agem desmedidamente pregando o pânico e o terror, seja contra outros grupos adversários, minoritárias, ou indivíduo.

Afligidos pelo medo de também ser vítima de atos indesejáveis e até cruéis, muitos indivíduos preferem o isolamento pessoal e social acreditando que vivendo assim serão menos importunados.

Quem não ouvi alguém dizer que prefere ficar em casa a sair às compras temendo ser assaltado? Medo de viajar de avião? Medo de mudar de emprego? Medo de ser criticado? E até mesmo de se apaixonar por alguém? Etc.

Quem não ouviu alguém dizer que ficará solteiro, no caso de mulheres, para se livrar de um possível marido ciumento, violento e cruel?

A questão é que o grupo formado por maridos cruéis é tão grande, e tem causado tantas dores e sofrimentos na instituição familiar, que temendo fazer parte das estatísticas negativas, muitas mulheres preferem até levar uma vida inteira sozinhas.

Inconscientemente, elas buscam a fuga desse grupo e firmada em um negacionismo que todos os homens são “iguais”, optam por levar uma vida de solidão. Isso serve também para homens que imaginam que muitas mulheres atualmente não querem mais relacionamento sério e por isso, entendem ser melhor viver sozinhos.

Esse meu pensar, estende-se para quase todos os indivíduos que evitam viver em grupos para não sofrer decepção, o que não deixa de ser também um tipo de violência psicológica.

Conheci um homem que vivia dizendo nunca se tornar membro de religiões por que temia ser roubado pelos líderes religiosos, e por cima ainda, ser enganado quanto a vida na eternidade. Para esse cidadão, todos os grupos religiosos são suspeitos, e como certo para se ver livre de qualquer violência advinda deles, sua preferência seria viver isolado. Tinha sua fé em uma divindade sem a interferência para bem ou para mal de ninguém.

Não faz muitas décadas que muitas famílias (mais as de baixa renda) tinham instalada a ideia que “estudar de mais” seria prejudicial a pessoa e a sociedade. Elas entendiam que ao se dedicar a estudar “de mais”, o indivíduo se tornava preguiçoso vez que abandonava as obrigações da lida pesada do trabalho.

Para os tais grupos familiares o estudo precisava ser limitado entre o aprender as noções básicas do viver em sociedade sem abandonar as culturas passadas pelos mais velhos. Noutras palavras, evoluir traria prejuízo para o grupo.

A ciência sociológica já ensina há século que a sociedade sofre controle social em todas as áreas da vida humana. Para muitos pensadores, algo positivo, visto que sem esse controle o caos seria inevitável. Para outros, o entendimento é que é mais uma maneira de institucionalizar a violência.

Certo é que a violência nunca será exterminada. Como um fato social, ela sempre estará presente, seja interna ou externamente nos indivíduos e grupos humanos. Desta forma é importante fugir dela, mas sem perder o equilíbrio de viver na medida do possível em sociedade.

Por fim, opino que não acreditar em si mesmo e viver fugindo da vida em grupos, seja familiar, educacional, religioso, jurídico e do Estado, não favorece a absolutamente em nada. Esse aparelhamento de controle social e que certamente nos gera medo (violência) deve nos inspirar a lutar ainda mais pelo que queremos, seja na vida pessoal e social, sempre de olho na felicidade.

Vale muito lutar para perder o medo. E não ter como companhia a solidão.

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