Texto de Eduardo Homem
Ex-ministro-chefe da Casa Civil, homem forte do primeiro governo Lula, o hoje bem-sucedido empresário José Dirceu diz que as denúncias do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, sobre o mensalão “são interpretações”. O saudoso Paulo Gracindo fazia grandes interpretações. Ah! Então é isso. Tudo não passa de um teatro. A peça de acusação do Ministério Público tem 390 páginas. Cita 36 réus. Ué, 36 réus? Deve ser um musical então. Dirceu vai querer dançar conforme a música.
O processo em curso no Supremo Tribunal Federal (STF) já tem mais de cinco anos. O julgamento ainda deve demorar. É provável que só ocorra no ano que vem. Até lá, os principais atores do mensalão continuarão a dar pitaco na vida pública nacional. Dirceu, com sua consultoria. Roberto Jefferson, com sua língua afiada a provocar o rival petista. Os demais, com ou sem mandato, tocarão a vida.
O escândalo, que voltou às manchetes para a alegria do PR, que não consegue encontrar um ministro para substituir Alfredo Nascimento na pasta de Transportes, em alguns dias retornará à geladeira. Será substituído por uma nova denúncia na capa dos jornais. É a rotina da política no Brasil. Azar do contribuinte, que é quem paga a conta e o pato.
Enquanto a novela do mensalão não acaba, o brasileiro vai tocar a própria vida. Trabalhou mais de quatro meses este ano só para pagar impostos. É o dinheiro que financia os mensalões e mensalinhos. E, já que caiu o ministro dos Transportes, não custa lembrar: São os recursos que não chegam às estradas que precisam de obras e continuam matando milhares de pessoas todo ano. O teatro da vida real é uma tragédia. E não é grega, é tipicamente brasileira.
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