Corra que a CPI vem aí. É
quase uma comédia, se não fosse trágico, o começo da CPI do Cachoeira. Não é
brincadeira não. É a pura realidade. Ontem à tarde, por exemplo, uma conversa no
plenário do Senado dava a medida do que está acontecendo. O senador Jorge Viana
(PT-AC) dizia numa roda de colegas que a comissão não tinha “nem pai, nem mãe”.
Ao que foi retrucado, em alto e bom som: “Tem sim. O pai é o líder do PT no
Senado, Walter Pinheiro (PT-BA), e a mãe é o presidente da Câmara dos Deputados,
Marco Maia”. A frase do senador Aécio Neves (PSDB-MG) tem um fundo de verdade,
mas revela a confusão que está acontecendo no Congresso. Principalmente depois
do acordo firmado para que fosse realizada uma CPI mista, tanto com deputados
quanto com senadores.
Para se ter uma ideia, depois
que começaram a surgir boatos de envolvimento de Cachoeira com a contratação de
empresas para a coleta de lixo em prefeituras do PT e que um assessor da
ministra-chefe das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, também teria
ligações perigosas, a conversa mudou. Foi um tal de “restringir o objeto das
investigações para cá, de organizar melhor para lá” e por aí vai. O problema é
que as gravações só agora estão começando a aparecer. Que o diga o deputado e
delegado Protógenes Queiroz (PPS-SP), um dos autores do pedido da CPI, que
também já surgiu em conversas que, se não forem comprometedoras, são, no mínimo,
desconfortáveis para o papel que ele procura desempenhar no Congresso, onde,
aliás, tem inúmeros inimigos.
O resultado é que a CPI
conjunta continua em compasso de espera. Mais especificamente, com o Senado à
espera das assinaturas e do requerimento da Câmara dos Deputados, que os nobres
parlamentares não conseguiram escrever até agora. Pelo jeito, devem estar
preocupados com a velha máxima que nunca falha no Congresso: “Uma CPI é possível
saber como começa, mas é impossível prever como termina”.Eduardo Homem
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