Luiz Carlos Pimentel, agente da Polícia Federal que trabalha
no setor de Inteligência no Distrito Federal, segundo depoente da audiência que
ouve 14 testemunhas da operação Monte Carlo na Justiça Federal em Goiânia,
afirmou, logo no começo do depoimento, por volta das 15h30 de ontem, que a
quadrilha chefiada pelo contraventor Carlinhos Cachoeira agia sob proteção da
polícia de Goiás.
A operação Monte Carlo, da PF, prendeu Cachoeira no final de
fevereiro deste ano, expondo a existência de um esquema ligado a jogos ilegais
e que teria influência sobre governos, agentes públicos e privados.
"Não observamos nenhum outro grupo que tenha tentado
abrir jogos nesta região (do entorno do Distrito Federal). Muitos policiais
militares faziam trabalho passando pela região", disse o agente. Com isso,
segundo ele, a Polícia Federal tentava não se aproximar para evitar eventuais
conflitos.
Pimentel afirmou também que o delegado de Polícia Federal
Fernando Bayron recebia valores de Carlinhos Cachoeira. "Depois de
encontros com Cachoeira ou com seu irmão, o senhor Bayron efetuava o pagamento
das prestações de seu apartamento." As conclusões do agente decorrem de
gravações telefônicas e vídeos que mostram a entrega de pacotes, supostamente
de dinheiro, aos envolvidos.
A defesa tentou desqualificar a testemunha, alegando que ela
teria interesse na acusação. Pimentel respondeu que "por ser o servidor
mais antigo do setor, tinha a função de análise e coordenação dos trabalhos do
grupo". A defesa contradisse a testemunha por acreditar que ela seja muito
próxima da acusação. Pimentel afirmou que não tem interesse na operação.
"Sou policial federal e só tenho compromisso com a verdade."
Como chefe-substituto do serviço de inteligência da Polícia
Federal, o depoente coordenava os trabalhos e fazia análise de alguns dos alvos
da operação. Pimentel disse que o grupo criminoso controlava a atividade de
jogos ilegais, principalmente nas cidades de Águas Lindas e Valparaíso de
Goiás.
Defensores de réus tiram dúvida sobre motivos da
"Operação Monte Carlo"
Uma das dúvidas dos defensores dos réus da operação Monte
Carlo foi esclarecida pela testemunha logo no começo do depoimento. Segundo
ele, as investigações começaram por requerimento do Ministério Público de
Valparaíso (GO), depois de observarem a expansão nas atividades de casas de
jogos ilegais na cidade e na região.
Assim como a primeira testemunha de ontem, Fábio Alvarez,
Pimentel afirmou que no início das investigações os alvos das interceptações
eram três pessoas. Raimundo Washington, Major Silva e José Olímpio.
No decorrer de todas as diligências, os policiais federais
perceberam que uma pessoa chamada de "Baixinho" sempre era mencionada
nas conversas. Esse apelido seria de Lenine Araújo.
Com a interceptação do rádio de Lenine, conseguiram observar
que o aparelho era registrado em outro país. "As pessoas começam as
conversas se identificando, por isso foi fácil perceber quem era quem nas
ligações."
Segundo o agente da Polícia Federal, Lenine intermediava as
ações de Cachoeira na região do entorno do Distrito Federal. "Lenine
sempre se reportava a Cachoeira sobre as ações, contratações e pagamentos,
inclusive na influência que o grupo tinha na segurança pública goiana",
disse Pimentel.
Geovani Pereira, que é apontado com o contador do grupo,
prestava contas diretamente a Carlinhos Cachoeira, afirmou o depoente.
"Ele só fazia aquilo que Carlinhos Cachoeira pedia e, posteriormente, a
ele prestava conta de tudo."
O CASO
Carlinhos Cachoeira é acusado de chefiar uma quadrilha que
comandava jogos ilegais, principalmente em Goiás, e de usar de influência com
parlamentares, como o ex-senador Demóstenes Torres, para manipular licitações e
facilitar a entrada de empresas supostamente ligadas a ele e outros aliados nos
governos do Distrito Federal, Rio de Janeiro e Goiás.
Pelas suspeitas de envolvimento com Cachoeira, Demóstenes
teve o mandato cassado no último dia 11. Os governadores Agnelo Queiroz
(PT-DF), Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e Marconi Perillo (PSDB-GO) foram citados em
escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal durante as operações Vegas e
Monte Carlo.
Os envolvidos assumem ter falado com Cachoeira em algumas
situações e motivos diversos, mas negam envolvimento nas ações do bicheiro.
1 Comentários
As relações pessoais de Cabral nada tem a ver com a sua administração. Não houve nenhuma prova que levasse a Cpi à convoca-lo. Acho que o assunto já está resolvido, a não ser que apareça alguma prova, se não, não adianta ficar falando.
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