THIAGO ANDRADE
DO DIÁRIO DE CUIABÁ
Na terceira entrevista da série com os candidatos ao governo do Estado, o senador Pedro Taques (PDT) fala sobre seus projetos para um eventual governo. DO DIÁRIO DE CUIABÁ
Ele garante que sua prioridade serão as áreas de Saúde, Educação e Segurança, para as quais diz, inclusive, que fará concurso para a contratação de novos servidores.
“A máquina pode estar inchada em determinados locais, em determinadas repartições. No entanto, no geral você vê um sucateamento da máquina no aspecto físico, no aspecto de pessoas”, disse o senador.
Taques também falou do VLT, projeto de R$ 1,4 bilhão que ele prometeu concluir, embora acredite que o modal ainda vá precisar de suplementação orçamentária.
Em outro trecho, avalia que a mudança que o Estado necessita requer sacrifícios. “Nós temos que entender que Mato Grosso precisa de um choque de gestão. E esse choque de gestão precisa da colaboração de todos os poderes”.
Leia abaixo a entrevista concedida ao Diário durante essa semana.
DIÁRIO - O deputado José Riva o acusa de ter feito pressão sobre o TRE no julgamento que impugnou sua candidatura. O que tem a dizer sobre isso?
Pedro Taques - Absolutamente nada. Eu não quero bater boca com candidato. Quem acusa tem que provar. Ele poderia levar a prova disso para a Justiça, para que a Justiça possa decidir. Eu tenho mais o que fazer, do que bater boca com outros candidatos. O que eu tenho a fazer é falar para o cidadão que nós temos as melhores propostas, os melhores projetos para mudar Mato Grosso.
DIÁRIO - O senhor tem um prognóstico para o resultado no TSE?
Taques - Eu não estou preocupado com o senhor José Riva. Não estou preocupado com o jurídico. Estou preocupado com o político: fazer campanha, mostrar para o cidadão que nós temos a melhor proposta. Eu confio na Justiça do Brasil qualquer que seja o resultado.
DIÁRIO - O senhor tem um discurso muito duro sobre a corrupção no Estado. Não teme que, num eventual governo seu, a oposição seja implacável na cobrança sobre o uso do dinheiro público?
Taques - Eu vejo que toda oposição tem que ser crítica. Aliás, quem não gosta de oposição é quem é autoritário, quem é ditador. Eu entendo que a oposição deve existir na democracia. Eu não tenho discurso duro. Se defender a honestidade, a legalidade, for pecado, quer dizer que eu sou pecador.
DIÁRIO - Nenhum governo, até hoje, conseguiu resolver o problema da Saúde pública em Mato Grosso. Qual é o seu projeto para esse setor?
Taques - A saúde pública é o problema mais grave do Estado de Mato Grosso. No nosso programa de governo, o primeiro eixo é “viver bem”. O primeiro ponto do nosso programa de governo é a saúde, dividimos em dois espaços: saúde preventiva e saúde curativa. E saúde não é só ausência de doença. Saúde é qualidade de vida, é investir em saneamento básico, nos agentes comunitários de saúde, nos agentes de combate às endemias, no Programa de Saúde da Família (PSF), investir em meio ambiente, lazer e qualidade de vida. Isso é prevenção, é a chamada atenção básica ou ação primária, que é função do município. No entanto, o Estado de Mato Grosso precisa cooperar. Eu como governador, se for pela vontade de Deus e do nosso povo, eu cooperarei com os municípios para que possamos auxiliá-los na saúde preventiva, na atenção básica. Aliás, é o que a gestão atual não faz. É só você fazer um levantamento dos repasses para os municípios da coordenação de atenção básica, da atenção primária. Isso mostra que o governo estadual não vem fazendo a sua parte.
A saúde curativa, nós precisamos atender os hospitais regionais e precisamos de mais hospitais regionais. Veja que há muito tempo se faz promessa a respeito do Hospital Regional de Porto Alegre do Norte. Precisamos de um hospital em Porto Alegre do Norte. O Vale do Araguaia precisa de hospitais regionais. Tangará da Serra precisa de um hospital regional. Nós precisamos fazer com que o Hospital Metropolitano de Várzea Grande funcione efetivamente. E o meu compromisso com o Vale do [Rio] Cuiabá, com o povo cuiabano, é de fazer, construir um hospital público aqui em Cuiabá, um hospital estadual. Cuiabá é uma das únicas capitais do Brasil que não tem um hospital público de qualidade. Nós vamos construir um hospital público aqui com mais de 350 leitos.
Diferente da atual administração, nós vamos ajudar o [prefeito de Cuiabá] Mauro Mendes (PSB) a construir o Pronto Socorro e não vamos atrasar os repasses para os municípios, que vêm sendo atrasado, conforme a própria AMM diz. Nós vamos investir na saúde preventiva, como eu disse. Na curativa vamos investir nos hospitais regionais, nos consócios intermunicipais de saúde e cumprir com os repasses para a saúde do Estado de Mato Grosso.
DIÁRIO - O governo acaba de suplementar R$ 30 milhões para a Assembleia. O que achou da medida?
Taques - Eu vejo isso como a repetição do que foi feito em 2012. Naquele ano o governo do Estado repassou, como excesso de arrecadação, mais ou menos no mês de outubro ou setembro, R$ 72 milhões para a Assembleia Legislativa. Entre repassar para a Assembleia Legislativa, como excesso de arrecadação e resolver o problema da saúde de Cuiabá, de Rondonópolis, de Sinop, de Tangará da Serra, de Várzea Grande, eu preferia investir na saúde.
DIÁRIO - Como será sua relação com a Assembleia?
Taques - De total respeito. A Assembleia Legislativa é um Poder independente, tem que ser respeitada. Em cumprimento da lei, cumprimento das normas, total respeito.
DIÁRIO - O senhor pretende rever os valores de repasses para os poderes?
Taques - Nós precisamos discutir sim o repasse aos poderes. O chamado duodécimo é calculado levando em conta a arrecadação. Isto está constitucionalmente previsto e nós vamos cumprir a Constituição. Tendo um percentual de arrecadação e se a arrecadação diminuir ou aumentar, aumenta-se o repasse para os poderes. Isso é constitucional, tem que ser cumprido. Nós temos que entender que Mato Grosso precisa de um choque de gestão. E esse choque de gestão precisa da colaboração de todos os poderes.
DIÁRIO - A máquina pública mato-grossense está inchada?
Taques - Nós precisamos cortar gastos, melhorar a complexidade do sistema tributário para que possamos arrecadar mais. Agora, nós precisamos, sim, priorizar algumas áreas, e as que serão priorizadas: saúde, educação e segurança. Outros temas podem ser de políticas do setor privado. Um Estado como o nosso precisa de estradas, preservação, conservação. Mas, isso o setor privado pode auxiliar. Agora, a prioridade é resolver o problema da saúde, resolver o problema da segurança e melhorar os índices de educação do Estado.
A máquina pode estar inchada em determinados locais, em determinadas repartições. No entanto, no geral você vê um sucateamento da máquina no aspecto físico, no aspecto de pessoas. Vou dar o exemplo da Empaer: um grande número de pessoas se aposenta e o número de servidores é muito pequeno. Precisamos fazer concursos públicos para as áreas que são prioridades para o Estado de Mato Grosso.
DIÁRIO - Que avaliação o senhor faz do governo Silval?
Taques - Quem tem que fazer a avaliação do governo de Silval Barbosa são os eleitores no momento de votar nos candidatos que estão com ele, ou no candidato de oposição. Cabe ao eleitor fazer esta avaliação. Agora, o cidadão mato-grossense sabe que o governo não conseguiu concretizar políticas públicas. Respeito o governador Silval Barbosa, como pessoa. Não tenho nada pessoal contra o governador. No entanto, infelizmente, o seu governo não conseguiu concretizar políticas públicas, não conseguiu tirar os projetos do papel. Os compromissos feitos em 2010 não foram saldados.
DIÁRIO - O senhor pretende abrir a “caixa-preta” do governo Silval caso seja eleito?
Taques - Em absoluto, eu sou candidato a ser governador de Mato Grosso, não sou candidato a ser polícia e nem a promotor de Justiça. Eu já fui procurador da República, cabe às instituições funcionarem conforme determina a lei. Agora, eu não vou jogar o lixo para de baixo do tapete.
DIÁRIO - Defina o candidato Riva em poucas palavras
Taques - Não me cabe definir outros candidatos. Cabe ao eleitor definir.
DIÁRIO - Defina o candidato Lúdio em poucas palavras
Taques - Não me cabe definir outros candidatos. Eu tenho que falar das propostas que o cidadão mais precisa. Quem faz o julgamento de candidato é o eleitor.
DIÁRIO - Em entrevista ao Diário, o candidato Riva falou que o Estado gasta demais com terceirizações. O senhor tem um diagnóstico a respeito desse tema?
Taques - Não me cabe discutir as respostas do candidato José Riva. Nós temos que sim, saber o número de terceirizados. Mas, infelizmente o Estado é 26º [do ranking] em transparência. Essas informações nós precisamos tê-las. O governador é obrigado a revelar, conforme determina a Lei de Responsabilidade Fiscal.
DIÁRIO - O senhor está informado sobre os recursos para a obra do VLT, que já vai completar um ano de atraso? O dinheiro será suficiente?
Taques - Existem estudos que revelam que o VLT não vai ficar pronto com R$ 1,477 bilhão, vai precisar de mais aporte de recursos. Nós terminaremos todas as obras, inclusive o VLT. Mas, vamos saber quanto se gastou, onde se gastou e se houve de alguma forma, desvio de recursos públicos. Esse é um direito do cidadão e um dever de todo administrador.
DIÁRIO - O Estado tem baixo desempenho em exames sobre qualidade de educação. Seu partido tem um histórico de boas iniciativas nesse setor. Quais são seus projetos para a educação?
Taques - Eu tenho ouvido bastante o senador Cristóvam Buarque (PDT-DF) no tocante à educação e ele tem contribuído conosco. Tem conversado para trazer a sua experiência. Mato Grosso tem o Ensino Médio, que é atribuição do Estado, com a maior evasão e maior reprovação do Centro-Oeste. São números que não dizem tudo. Mato Grosso tem hoje mais 260 mil analfabetos acima de 15 anos. Nós precisamos fazer com que a escola seja atrativa, do ponto de vista não só da valorização do professor, não só da efetivação dos professores contratados.
Eu entendo que uma boa educação se passa pelo professor e a valorização do professor não pode ser sinônimo apenas de salário, mais de que salário. Nós vamos colaborar com os municípios, no chamado Ensino Fundamental, e fazer com que o Ensino Médio possa diminuir seus índices de reprovação e evasão escolar.
Hoje, nós temos um sistema de ciclos até o nono ano. Precisamos manter o ciclo. Mas, repensar a sua metodologia. E nós temos no programa de governo a transformação na escola, não só como centro de divulgação de conhecimento. Mas, a escola como atração para pessoas que vivem em lugares mais pobres, em comunidades mais carentes.
Temos no nosso programa de governo os chamados anjos da educação. O que são esses anjos da educação? É a identificação de alunos que têm déficit de aprendizagem, que tem problemas familiares, que tenha muita falta nas aulas. Eles são identificados e serão recuperados através de um grupo de professores, assistentes sociais e psicólogos. Este programa já foi implantado em Lucas do Rio Verde e nós vamos levar para o Estado todo.
Temos ainda, a chamada poupança da educação, que você deposita um determinado valor, para que o aluno não saia da escola. Ele recebe isso no final do ciclo. Isso já foi feito em Minas Gerais e é um sucesso.
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