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Irmãos de Geller na mira da Polícia Federal - organização teria fraudado mais de R$ 1 bilhão em terras da União

Uma operação da Polícia Federal para desarticular uma quadrilha especializada em grilagem de terras, em Mato Grosso, prendeu o ex-prefeito de Lucas do Rio Verde e um dos maiores empresários do país, Marino Franz, e até o final do dia de ontem procurava dois irmãos do ministro da Agricultura, Neri Geller.

Odair e Milton Geller também são acusados de fazer parte do grupo, que ainda contava com grandes empresários, políticos, servidores públicos e sindicatos rurais. A organização teria fraudado mais de R$ 1 bilhão em terras da União.

A operação Terra Prometida foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (27). A Justiça Federal expediu 146 mandados de busca e apreensão e 52 de prisão preventiva. Os mandados foram cumpridos por 350 policias federais nos estados de Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.


Em Mato Grosso a operação concentrou esforços nos municípios de Cuiabá, Várzea Grande, Nova Mutum, Diamantino, Lucas do Rio Verde, Ipiranga do Norte, Sorriso, Tapurah, Campo Verde e Itanhangá.

De acordo com o delegado da PF Hércules Sodré, as investigações começaram em 2010, quando a PF identificou irregularidades na concessão e manutenção de lotes destinados à reforma agrária, no assentamento de Itanhangá.

A suspeita é que o grupo atuava desde 1997, data da inauguração do assentamento, que tem 115 mil hectares, divididos em 1.149 lotes. Cada lote é avaliado em aproximadamente R$ 1 milhão.

Conforme o delegado, o grupo usava da força para invadir terras ou compra-las a preço baixo. Eles contavam com o auxílio de servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e de servidores das câmeras de vereadores e das prefeituras para regularizar os lotes.

A quadrilha também usava documentos falsos, fraudava termos de desistência e até inseria dados falsos no sistema do Incra, permitindo que latifundiários, grupos de agronegócio e empresas multinacionais ocupassem as áreas da União. “Eles realizavam um verdadeiro latifúndio dentro das terras da União”.

Segundo a procuradora do Ministério Público Federal, Ludmila Monteiro, a quadrilha era armada e usava de muita violência psicológica e até física para que os moradores entregassem os imóveis. “Muitos abandonavam o local por medo”.

Segundo o delegado, o grupo tem 13 líderes, que são fazendeiros e empresários da região.

Conforme Sodré, o Sindicato Rural de Itanhangá fornecia listas com nomes de laranjas. Já os servidores do Incra falsificavam “cartas de desistência” e declaração de aptidão ao Incra. Os servidores ainda forjavam uma vistoria para comprovar a posse.

A quadrilha ainda cometia crimes ambientais. O grupo não respeitava as áreas de preservação e desmatava a totalidade do lote. As multas também não eram pagas, já que os lotes estavam no nome de laranjas.

Conforme a PF, o ex-prefeito Marino José Franz era um dos líderes do esquema. Ele foi preso na manhã desta quinta-feira. A Fiagril, sua empresa, é suspeita de falsificar documentos para adquirir uma área da União, avaliada em R$ 30 milhões.

Já o grupo da família Geller faz parte do segundo escalão do movimento. Eles tinham aproximadamente 15 lotes, avaliados em R$ 15 milhões, em nome de familiares, funcionários e laranjas. Os irmãos tinham até a meia noite de ontem para se entregar voluntariamente, após isso seriam considerados foragidos.


Conforme o delegado, os presos serão ouvidos e posteriormente encaminhados para o presídio. A quadrilha será indiciada pelos crimes de invasão de terras, fraude majorada, estelionato, organização e associação criminosa e crimes ambientais. Diário de Cuiabá

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