A construtora Galvão Engenharia S/A, uma das investigadas pela Operação Lava-Jato por integrar o esquema bilionário de corrupção entranhado na Petrobras, apresentou à Justiça Federal, na manhã de ontem, comprovantes do pagamento de suposta propina no valor de R$ 8,86 milhões. A defesa de Erton Medeiros Fonseca, diretor da empreiteira, alegou que o suborno, pago em 20 parcelas entre novembro de 2010 e junho deste ano, foi direcionado a Shinko Nakandakari, “pessoa que se apresentou como emissário da Diretoria de Serviços da Petrobras na presença de Pedro Barusco”. Até 2012, a diretoria em questão era comandada por Renato Duque, um dos presos da Lava-Jato. Barusco exercia o cargo de gerente de Engenharia, subordinado a Duque. Os advogados de Erton Medeiros alegaram que a Galvão Engenharia teve que fazer o pagamento para não ter problemas nos contratos firmados com a petrolífera. “A cobrança da vantagem indevida se deu em formato semelhante ao adotado pela Diretoria de Abastecimento, ou seja, com a efetiva ameaça de retaliação das contratações que a Galvão Engenharia S/A tinha com a Petrobras caso não houvesse o pagamento dos valores estipulados de maneira arbitrária, ameaçadora e ilegal.”
A empreiteira entregou 12 comprovantes à Justiça. As notas fiscais indicam que a propina foi endereçada à empresa LFSN Consultoria Engenharia S/S Ltda, um mecanismo utilizado para “lavar” o repasse de dinheiro sujo. Nas notas fiscais, o dinheiro foi utilizado para pagar “serviços prestados conforme contrato”. Outros R$ 4 milhões foram pagos pela empresa ao doleiro Alberto Youssef e ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, considerados os líderes do esquema criminoso. De acordo com a empreiteira, Youssef havia informado que o recurso abasteceu o Partido Progressista (PP).
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