A 12ª Parada da Diversidade Sexual de Cuiabá aconteceu debaixo de
chuva e com um número de participantes bem abaixo do esperado pela organização.
Das 10 mil pessoas esperadas, apenas duas mil compareceram ao
evento e, dentre estes, 600 acompanharam a passeata até o fim.
Apesar do pouco público, o tema deste ano, “Não Queremos Nada
Demais”, foi defendido pelo forte som de três trios elétricos para quase três
mil pessoas.
A concentração aconteceu na Praça Ipiranga, a partir das 14 horas.
Clóvis Arantes, coordenador do evento por 12 anos, levantou
discussões sobre temas como casamento gay e lésbico, violência contra os
homossexuais e crimes que ainda não foram solucionados.
Ele aproveitou o discurso para mandar um recado direto às
autoridades do Estado, sob fortes aplausos do públicos presente.
“Temos crimes contra gays que jamais foram desvendados. Hoje Mato
Grosso é o segundo estado que mais mata homossexual e ninguém faz nada. Isso é
muito ruim. Tomara que os novos gestores olhem por nós. precisamos de ajuda”,
afirmou Arantes.
Os participantes, alguns fantasiados e outros mais discretos,
cantaram o Hino Nacional em forma de protesto ainda na praça, antes de sair em
marcha até a Praça Oito de Abril, em frente ao Choppão.
Passeata
Na saída, com monitoramento da Polícia Militar e agentes da
Secretaria Municipal de Trânsito (SMTU), os participantes vibraram e cantavam
gritos de guerra.
No entanto, quando o primeiro trio elétrico chegou às proximidades
da Praça Bispo Dom José, a chuva começou a cair e os participantes se dispersaram.
Muitos participantes, que não tinham como se proteger da chuva,
ficaram pelo caminho ou foram embora.
Ao todo, pelo menos 600 encararam a chuva e chegaram ao ponto
final do evento, depois de aproximadamente 1h30 de caminhada.
Tony Ribeiro/MidiaNews
"Eu e todos aqui precisamos é de respeito. Quando entro no
ônibus para ir trabalhar, eu sinto que olham para mim com preconceito",
reclamou Laine Kaiser “Respeito”
O combate ao preconceito é uma das bandeiras levantadas pelo
grupo. Para o auxiliar de enfermagem e travesti, Laine Kaiser, a luta contra a
discriminação é diária.
"Eu e todos aqui precisamos é de respeito. Quando entro no
ônibus para ir trabalhar, eu sinto que olham para mim com preconceito. Parece
que sou diferente. O mundo precisa mudar e nós precisamos é de respeito”,
defendeu.
Além de Kaiser, diversos outros participantes também reclamaram do
mesmo ponto. Paula Emanuela da Silva, que é lésbica, reclamou que ao tentar se
casar, foi praticamente humilhada.
“Quando eu fui buscar informações para o meu casamento, fiquei
quase duas na fila e ainda fui discriminada. É uma coisa que hoje não podemos
sofrer. O mundo é aberto e todos precisamos ter e dar respeito”, afirmou.
"O mundo é aberto e todos precisamos ter e dar respeito"
Uma morte a cada 28 horas
Cuiabá é a capital com maior registro de casos de violência contra
homossexuais do Brasil.
De acordo com dados da Universidade Federal da Bahia, divulgados
pelo jornal O Globo, nesta semana, o índice é de 0,03 homicídios por mil
habitantes.
Conforme o levantamento, na Capital de Mato Grosso, os gays são os
mais atingidos (59%), seguidos por travestis (35%) e lésbicas (4%).
A homofobia, que ainda não é considerada crime no país, provocou
pelo menos 216 assassinatos de janeiro até o dia 21 de setembro deste ano, de
acordo levantamento do Grupo Gay da Bahia, que, na ausência de informações
oficiais sobre uma prática que não é discriminada nos boletins de ocorrência, é
referência sobre o tema no país.
Segundo o grupo, em 2013, o número de assassinatos no Brasil
chegou a pelo menos 312 — o que corresponde a uma morte a cada 28 horas. Mídia News
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