Valores foram repassados para Gilson Transporte ME, com capital
social de R$ 20 mil; grupo que doou R$ 73 milhões para campanha de Dilma nega
ilícitos
Ricardo Brandt, Valmar Hupssel Filho e Fausto Macedo
A Polícia Federal descobriu duas contas bancárias em nome de uma
empresa fantasma ligada a um dos doleiros da Operação Lava Jato, Carlos Habib
Chater, que receberam depósitos no valor global de R$ 800 mil da JBS, a Friboi,
maior processadora de carne bovina do mundo.
As contas estão em nome de Gilson M. Ferreira Transporte ME, cujo
“sócio” foi identificado como Gilson Mar Ferreira, estabelecido na periferia do
município de São José dos Pinhais (PR), com capital social declarado de R$ 20
mil.
Agentes do Núcleo de Operações da PF foram ao endereço fiscal da
empresa – Avenida Baptistin Pauletto, 126, bairro Miringuava –, mas “não
lograram êxito em localizar qualquer empreendimento comercial na área”.
Relatório da PF, anexado aos autos sobre o doleiro Chater,
destaca. “Cabe salientar que se trata de uma região bastante simples. A rua não
tem sequer pavimentação. Em entrevistas dissimuladas com Valquíria, moradora do
imóvel situado no nº 127, obteve-se a informação que GILSON MAR teria sido
inquilino da casa dos fundos, contudo, já se mudou do local há mais de 05 (cinco)
anos. Quanto à suposta empresa, a entrevistada desconhece sua existência e não
soube dar quaisquer informações a respeito.”
Nas eleições de 2014, a JBS repassou R$ 352 milhões a candidatos a
presidente, senadores e deputados. Desse montante, R$ 73 milhões foram
destinados à campanha da petista Dilma Rousseff. A campanha do senador Aécio
Neves, candidato à Presidência pelo PSDB, recebeu doações de R$ 48 milhões da
JBS.
Em nota divulgada nesta segunda feira, 22, a JBS rechaçou
categoricamente que tenha alimentado o esquema Lava Jato. O grupo assegurou que
os depósitos que somaram R$ 800 mil “são oriundos de um contrato de aquisição
da unidade industrial em Ponta Porã (MS), um Centro de Distribuição em São José
dos Pinhais (PR) e um outro Centro de Distribuição em Itajaí (SC)”.
Segundo a JBS, os vendedores foram Tiroleza Alimentos Ltda, Ademar
Marquetti de Souza, Paulo Roberto Sanches Cervieri e Rodo GS Transportes e
Logística Ltda.
A JBS esclareceu que “os pagamentos referentes à aquisição foram
feitos nas contas bancárias indicadas pelos vendedores”.
O grupo informa que realizou os pagamentos “de acordo com o
contrato assinado pelas partes, bem como em conformidade com a legislação
vigente”. A JBS diz que mantém documentação que comprova que os pagamentos que
realizou não fazem parte de nenhum esquema ilícito.
VEJA O RELATÓRIO DA POLÍCIA FEDERAL SOBRE A EMPRESA FANTASMA QUE
RECEBEU R$ 800 MIL DA JBS
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