KARINE MIRANDA
Os caminhoneiros retomaram os bloqueios parciais em dois pontos da
BR-163, em Lucas do Rio Verde e Sinop, no Norte de Mato Grosso, na manhã desta
segunda-feira (2), após liberarem o trânsito de veículos durante a noite de
domingo (1º).
A manifestação completa 12 dias e acontece mesmo após a decisão
judicial que determinou a desobstrução imediata das rodovias, sob pena de multa
diária de $ 1 mil e que foi cumprida na sexta-feira (27) pela Polícia
Rodoviária Federal (PRF).
Conforme informações da PRF, até o momento, estão interditados os
Km 868, em Lucas do Rio Verde, e 839, em Sinop. A previsão é de que, até o
final do dia, sejam feitos novos bloqueios no Km 593, em Nova Mutum, e no Km
745, em Sorriso.
Devido ao bloqueio, os caminhões de cargas seguem parados as
margens da rodovia, mas os veículos de passeio e ônibus podem trafegar
normalmente. O o tráfego nos locais tem sido tranquilo, conforme a PRF.
O protesto já reflete no desabastecimento em algumas cidades da
região Norte Estado, embora a liberação do trânsito durante a noite tenha
permitido a circulação de caminhões carregados com combustível, especialmente
óleo diesel.
Regiões produtoras, como Sinop e Lucas do Rio Verde, têm sofrido
com as manifestações, pois sem óleo diesel há a dificuldade de transporte da
safra para os armazéns, além do desabastecimento dos municípios com alimentos.
Atualmente, Mato Grosso se encontra no pico de colheita da safra
e, pelo menos, 20% dos produtores, conforme levantamento realizado pelo
Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), não têm mais diesel
para utilizar nos maquinários das lavouras.
Outros 80% dos produtores têm o combustível para apenas esta
semana.
Reivindicações
Os caminhoneiros exigem a redução a redução de 17% para 12% da
alíquota do ICMS do óleo diesel, mas, até o momento, o Governo do Estado
determinou somente o congelamento da pauta fiscal do óleo diesel em R$ 2,90.
A medida vai a evitar o reajuste de dois centavos por litro do
óleo diesel, previsto para março, e deve valer apenas nos primeiros 15 dias do
mês.
Uma equipe da secretaria de Fazenda (Sefaz) está encarregada de
fazer um estudo técnico para avaliar a viabilidade da redução do ICMS do
diesel. A previsão é de que o resultado fique pronto em cerca de 30 dias.
Outra exigência é a elaboração de uma tabela fixa para a cobrança
do frete, que seja baseada no quilômetro rodado, bem como a prorrogação das
parcelas de financiamentos de caminhões.
O Governo firmou um acordo com a Associação Brasileira das
Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) para dar início à recomposição do valor
dos fretes.
A expectativa é que a remuneração dos transportadores seja
prontamente garantida.
Além disso, criou o Gabinete de Crise, que serve para acompanhar,
intermediar as negociações e fazer um levantamento dos impactos provocados
pelos bloqueios dos caminhoneiros nas rodovias do estado.
Por fim, a categoria quer a aprovação da lei dos Caminhoneiros que
assegura vantagens aos profissionais como isenção de pagamento de pedágio para
eixo suspenso de caminhões vazios, perdão das multas por excesso de peso
expedidas nos últimos dois anos e ampliação de pontos de parada para descanso e
repouso.
A lei deve ser sancionada pela presidente Dilma Rousseff (PT)
ainda nesta segunda-feira para colocar o fim as manifestações que atingem
rodovias em seis estados do país.
Decisão Judicial
A decisão judicial foi proferida após ação impetrada pela AGU nos
estados de Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul.
A alegação usada é de que a reintegração de posse das rodovias é
necessária, pois o protesto causa diversos prejuízos à sociedade, uma vez que
coloca em risco o abastecimento das cidades, além de prejudicar o trafego
local.
Na decisão, o juiz César Augusto Bearsi argumentou que os
manifestantes tem o direito de protesto, mas este direito não pode se sobrepor
à ordem pública e à garantia de livre locomoção, ação que está sendo impedida
com os bloqueios.
Além disso, o magistrado pontuou que a população não pode ser
penalizada com o protesto sendo que essa parcela da sociedade é a única que tem
sofrido com os efeitos e os reflexos da manifestação.
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