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Dossiê aponta petista Valdir Barranco como líder de “indústria da retomada” - confira


Um dossiê de 250 páginas obtido com exclusividade pelo Rdnews, resultado de investigação privada financiada por lideranças ruralistas, promete expor as entranhas da Operação Terra Prometida. A papelada que inclui farta documentação oficial mostra que lotes retomados no PA ItanhagáTapurah  foram distribuídos para pessoas ligadas a dirigentes do Incra, MST, Fetagri e sindicatos de trabalhadores rurais responsáveis pelas denúncias que resultaram no trabalho deflagrado pela Polícia Federal em 27 de novembro de 2014. O escândalo deve ganhar eco na tribuna da Assembleia, nos próximos dias, tendo como porta-voz os deputados estaduais Dilmar Dal Bosco (DEM) e Pery Taborelli (PV).

A investigação sobre a chamada “indústria da retomada” revela que, em fevereiro de 2013, foram retomados 13 lotes da família Versari, investigada na Operação Terra Prometida. Com celeridade incomum, em maio daquele ano, o Incra já havia autorizado a ocupação de novos assentados. A denúncia abrange os lotes 814, 815, 816, 817, 818, 819, 821, 823, 754, 755, 768, 769, 3, 772.

Entretanto, a investigação aponta que, ao invés de serem destinados para pessoas enquadradas nos critérios da reforma agrária, foram destinados a “laranjas” parentes dos supostos operadores do esquema. Entre os beneficiados estão pessoas que sequer residem em Mato Grosso.

Conforme a investigação, o ex-superintendente regional do Incra Valdir Barranco (PT), que foi enquadrado na Lei da Ficha Limpa por problemas na gestão como prefeito e briga no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para assumir cadeira de deputado estadual, assentou o sobrinho Robson Cezar Nunes da Silva, no lote 819. O rapaz reside em Nova Bandeirantes, cidade que foi administrada pelo tio, e jamais teria pisado em Itanhangá.

Antônio Fonseca, que é líder do MST em Mato Grosso, assentou o irmão José Fonseca e o sobrinho Sebastião Fonseca Neto nos lotes 818 e 821, respectivamente. Ambos residem em Cuiabá. Membro do MST no Estado, Dirceu Capellesso, bateu o recorde do número de parentes assentados através da “indústria da retomada”. Na lista também está a mãe Alda Salete Capellesso, residente em Dois Vizinhos (PR). A irmã Siliane Capellesso, moradora do mesmo município paranaense, também recebeu lote no PA Itanhangá Tapurah.


Outros parentes de Dirceu Capellesso beneficiados pela reforma agrária são Santino Petry, que mora em Bombinhas (SC); Helen Leal, de Cuiabá; Érica Leal, de Tabaporã e Jéssica Favetti, residente em Sinop. O cunhado Emir João Petry, por sua vez, fixou moradia em Itanhagá, onde o assentamento está instalado.

A investigação paralela ainda aponta a existência de suposta organização criminosa que se beneficia da  “indústria da retomada”. Segundo o dossiê, os membros travam verdadeira guerra contra os assentados para obterem lucro, poder e a destruição do agronegócio. 


Outro Lado 
A assessoria jurídica de Valdir Barranco, coordenada pelo advogado Elvis Antônio Klauk Junior, afirmou que o dossiê tem cunho político porque o deputado estadual Taborelli está em batalha judicial contra o petista pela vaga na Assembleia. Assim, como não conta com argumentos consistentes para derrotá-lo no TSE, busca desmoralizá-lo perante a opinião pública. O advogado também sustenta que o deputado Dilmar está entre os investigados e, por isso, quer desconstruir a Operação Terra Prometida. 
De acordo com Elvis, o dossiê não tem valor legal e quer desviar o foco dos investigados que foram presos em novembro do ano passado. “A investigação iniciou em 2010 e foi fundamentada em indícios de ilegalidades em relação ao lotes da reforma agrária. A Operação Terra Prometida ainda está em andamento e a atitude dos investigados também busca criar suspeitas sobre a Polícia Federal e o MPF”, considera. 

Elvis Antônio Klauk Junior ainda lembra que os lotes no PA Itanhangá/Tapurah, na verdade, foram devolvidos aos proprietários expulsos da área após reintegração de posse obtida pelos investigados na Justiça estadual. “Valdir Barranco agiu com probidade à frente do Incra. Sempre colaborou com a Polícia Federal e órgãos de controle. Prova disso é que as contas da sua gestão foram aprovadas com louvor pelo Tribunal de Contas da União na semana passada”, concluiu. 

 O dirigente da Fetagri Adão da Silva defendeu a reforma agrária e disse que a retomada dos lotes é de responsabilidade do Incra após trabalho realizado pela PF e MPF. Além disso, afirmou que os fazendeiros devem ser retirados dos assentamentos porque concentram lotes e desviam a finalidade da distribuição de terras. “Não existe indústria da retomada. A lei está sendo cumprida e desagradando quem comete os ilícitos”, concluiu. 

Outros citados na reportagem como Antônio Fonseca, Antônio Alves Nogueira, Nabson Pires Lula da Silva, José Ferreira da Silva, Eduardo Magalhães Pinto, Odair Sebastião Xavier, Dirceu Capellesso, Emir João Petry, Antônio Fonseca, Antônio Alves Nogueira e José Ferreira da Silva não foram localizados ou não retornaram os telefonemas de Rdnews

Operação Terra Prometida 
A Operação Terra Prometida foi deflagrada pela Polícia Federal , em 27 de novembro de 2014, para desarticular suposto esquema de fraude na concessão de lotes de assentamentos da reforma agrária em Mato Grosso. Dois irmãos do ex-ministro da Agricultura, Neri Geller (PMDB), chegaram a ser presos. O ex-prefeito de Lucas do Rio Verde Marino Franz (PSDB) também chegou a ser preso. 

As investigações ainda estão em andamento. Cerca de 80 fazendeiros podem estar  envolvidos no esquema e aproximadamente mil lotes da União estavam em  em situação ilegal devido a concentração e exploração ilegal. O prejuízo aos cofres públicos pode alcançar R$ 1 bilhão. FONTE: RDNews

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