O prefeito eleito de Santo Afonso (a 224 km de Cuiabá),
Joabe Almeida dos Santos, “o Xiru, Índio Velho” (PSDB), foi vereador por dois
mandatos. Em 2013 assumiu o cargo de secretário de Obras. Seis meses depois foi
rebaixado pelo atual prefeito Venceslau Botelho de Campos (PR) a gari, depois a
coveiro e, enfim, exonerado. No último dia 02 de setembro, Joabe disputou a
prefeitura com Venceslau e levou a melhor.
Joabe pertencia ao grupo do atual prefeito que teria ficado
com ciúmes do trabalho realizado por ele como secretário de Obras e de
Transporte, e o teria rebaixado para gari, coveiro e depois o exonerado.
A trajetória do futuro prefeito e a relação dele com o atual
gestor do município chama a atenção. Vereador por dois mandatos (2000-2004/
2004-2008), “o Xiru, Índio Velho”, como gosta de ser chamado, foi eleito pela
primeira vez em 2000, ficando em nono lugar na disputa da Câmara. Na sua
segunda eleição, novamente para o cargo de vereador, foi o mais votado da
história do município, que tem 2.511 eleitores, com 14% dos votos válidos.
Em 2008 ele arriscou um cargo mais elevado, de prefeito do
município, porém amargou a última posição, ficando apenas com 14 votos. No
entanto, ele lembra que não abaixou a cabeça e continuou no município
trabalhando. Nas penúltimas eleições municipais ele apoiou o atual prefeito,
conhecido como Gordo Salim, primo de Júlio e Jaime Campos, e irmão do
ex-prefeito de Várzea Grande, Nereu Botelho.
“Já em 2012 não fui candidato a nada, fui apenas presidente
da coligação do atual prefeito, que é o Gordo Salim. É um homem de grande poder
financeiro e este já é o terceiro mandato dele no município. Eu fui um baluarte
da campanha dele, além de ser presidente do meu partido [PSDB], fui o cabo
eleitoral numero um dele,” explicou.
Após a posse, em 2013, conta o futuro prefeito, ele foi
empossado como secretário de Obras, mas ficou apenas seis meses no cargo. O
motivo seria o ‘ciúmes’ do trabalho que vinha fazendo na pasta, “estava na
Secretaria fazendo um belíssimo trabalho porque trabalhava para todos, para
quem votou a favor e para quem não votou. O povo começou a me elogiar e diziam
‘esse tem que ser o nosso prefeito’, a partir daí e ele começou a ciumar de
mim,” disse.
Diante da crise de ciúmes do atual prefeito, ele conta que
foi rebaixado de cargo mais de duas vezes até ser exonerado definitivamente. De
secretário, ele passou a ser gari, realizando a limpeza de entulhos em lotes
baldios e combatendo o caramujo africano, “combati o caramujo africano em mais
de 70% aqui,” diz. Ele explica ainda que o prefeito “continuou enciumado” e o
rebaixou para o cargo de coveiro, no cemitério da cidade.
“Fui ser coveiro, lá no cemitério, abri e fechei covas até
em baixo de chuva. Sepultei 34 pessoas, da qual tenho o nome de todas,”
lembrou. Não tendo outro cargo, o prefeito exonerou o coveiro, deixando ele
desempregado.
“A partir daquele momento me prontifiquei em ser candidato
pelo PSDB, em Santo Afonso. Candidato para o povo e do povo, equanto ele fazia
campanha de camionete turbo, eu fazia campanha de bicicleta, por que nem carro
para andar eu tenho. Gastei em torno de R$5 mil, apenas para imprimir
santinhos, e para isso contei com ajuda de patrocínio de amigos," contou.
Outro lado da
história
O atual prefeito de Santo Afonso, Venceslau Botelho de
Campos, desmentiu o futuro prefeito. Disse que não se tratava de ciúmes, mas
sim de competência para assumir o cargo. “Ele foi rebaixado de cargo porque não
tinha capacidade para assumir. Ele gastava horrores na secretaria, nosso
município tem pouca arrecadação. Não tinha como eu aguentar um secretário que
estava usando a prefeitura para fazer nome. Aí rebaixei dele de cargo, da
Secretaria de Obras para a de Serviços Urbanos, mas com o mesmo salário,” conta
o prefeito.
Na função ele chegou até dirigir o caminhão que fazia coleta
de lixo na cidade, conta o prefeito, porém ele nunca foi coveiro. “Ele fazia
limpeza de rua, comandava os garis, ele que comandava. Às vezes, ele dirigia o
caminhão que juntava o lixo das ruas, mas ele nunca foi coveiro. Aí, a pessoa
agora quer se rebaixar para ganhar moral, que o lixeiro, o coveiro ganhou do
prefeito, não foi isso,” explicou Gordo Salim.
Gordo Salim concorreu à reeleição com o nome impugnado pela
Justiça Eleitoral. “Eu tinha problema na justiça, por que eu sou da sanguessuga
[esquema que desviou dinheiro público na compra de ambulâncias e que envolveu
diversos prefeitos de MT], meu nome estava impugnado na eleição. E o povo hoje em
dia tem internet, tem informação, então foi por isso que o povo não votou em
mim. A Justiça que ganhou a eleição para ele,” afirmou.
O prefeito ainda fez um balanço da gestão, para ele, foi uma
boa administração, pois 100% do asfalto da cidade teriam sido feitos na sua
gestão, além de rede de esgoto e galeria de águas pluviais. “Isso não é para qualquer administrador, eu
perdi a eleição, perdi. Mas não foi por causa dele. O candidato tem que falar o
que ele quer, ele é meu amigo, me ajudou nessas campanhas todas. Ele fala essas
coisas, por que é candidato e tem que falar mesmo,” finalizou. Fonte: Circuito Mato Grosso
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