Por Bárbara Nunes
Segundo a sociologia a família é um conjunto de pessoas que
se encontram unidos por laços de parentesco. Estes laços podem ser de dois
tipos: vínculos por afinidade, como o casal e consanguíneos como a filiação
entre pais e filhos.
A família é o primeiro grupo de mediação do indivíduo com o
mundo social e é responsável pela sua sobrevivência física e mental, no seio
familiar também deve se concretizar o exercício dos direitos da crianças e do
adolescente, como cuidados essenciais para possibilitar seu crescimento e
desenvolvimento, antes de seu nascimento o indivíduo já ocupa um lugar na
família, desta forma a função da família é tão importante que, na sua ausência
deve-se oferecer à criança e ao adolescente uma “família substituta” ou
instituição que se responsabilize pela transmissão desses valores e condição
para inserção na vida social. Os pais são para os filhos os primeiros modelos
de como os adultos se comportam, de como ser homem ou ser mulher, a criança
incorporará a cultura que a família reproduzir em seu interior.
Mas nem sempre quem tem que cuidar pela segurança dos filhos
realmente faz, ainda mais quando esses filhos saem dos “padrões” que seus pais
querem, principalmente quando há caso de homossexualidade. Algumas pesquisas realizadas em 2012 mostram
que a grande parte de preconceito e homofobia acontece dentro de casa.
Homofobia (homo, pseudoprefixo de homossexual, fobia do
grego φόβος "medo", "aversão irreprimível"2 ) é uma série
de atitudes e sentimentos negativos em relação a pessoas homossexuais,
bissexuais e, em alguns casos, contra transgêneros e pessoas intersexuais. As
definições para o termo referem-se variavelmente a antipatia, desprezo,
preconceito, aversão e medo irracional. A homofobia é observada como um
comportamento crítico e hostil, assim como a discriminação e a violência com
base na percepção de que a orientação não heterossexual é negativa.
De acordo com Mannoni quando o adolescente manifesta
comportamento sexual voltado para heterossexualidade, é mais um motivo
facilitador para sua entrada no mundo adulto, os pais ficam orgulhosos, isso
parece atestar que, pelos menos, no campo da sexualidade “acertaram na
educação”. Tem a quase certeza da perpetuação do nome da família por meio dos
futuros netos que virão a encher sua casa de alegria. Porém, se o adolescente
não sinaliza seu desejo sexual dentro do esperado, isto é, atração pelo sexo
oposto, como a família reage? Quando se tem um filho anormal, isso parece dizer
que os pais estão sós, porque por meio dele não se sentem reconhecidos como
humanos, e passam a ser vigiados, assim, mais do que os outros pais, são
instigados a demonstrarem uma imagem suportável. Segundo Modesto há uma
dificuldade muito grande de aceitação por parte dos pais. Eles foram criados
para terem filhos héteros, e os filhos aprendem, desde criança, que devem ser
assim, que os sonhos dos pais foram construídos para isso. Os filhos ficam
tristes ao ver que os pais têm dificuldade para aceitá-los. Os adultos precisam
entender que eles são assim, não escolheram ser. O primeiro passo para ajudar
os filhos é aceitá-los completamente. O preconceito começa dentro da própria
casa, por isso os jovens ainda têm medo de contar para família que são gays. Se
tiverem a aceitação dos pais, saberão que podem contar com eles para ajudá-los.
Nolasco afirma que o adolescente que se descobre com
tendência homossexual ou gay, se sente desamparado, em decorrência da
intolerância social e falta do apoio familiar, esse sentimento poderá ser
potencializado e causar-lhe danos psicológicos, autoestima comprometida, baixo
rendimento escolar e outros. Em virtude de que, não constitui uma tarefa fácil
renunciar a uma representação de si com qualidades extraordinárias e promessas
grandiosas que, durante anos, lhe serviram de modelo.
Ainda de acordo com Modesto, muitas vezes, as consequências
do preconceito são irreversíveis. A violência emocional chega até a superar as
agressões físicas. A rejeição deixa feridas na alma que ficarão para sempre.
Com essas feridas emocionais, é bem mais difícil ser feliz. Há casos de
violência física, pois os pais ficam desesperados, não sabem o que fazer. Sem
falar da violência emocional. Os pais não sabem o que fazer e acabam tomando
decisões drásticas, tiram o computador, o celular, trocam de escola, proíbem os
amigos e acham que estão dando limites aos filhos. “Homofobia familiar”, como
Schulman chama o fenômeno que até agora não fora nomeado, mas que é parte da
vida da comunidade LGBT, é entendida não como um fenômeno pessoal, mas como uma
crise cultural ampla.
Há várias notícias constantemente nos jornais que muitos
homossexuais são vítimas de agressões e infelizmente até ao óbito devido a
ignorância, ao ódio e a falta de amor ao próximo. E é comum ouvir alguns
depoimentos dos agressores tentando justificar o seu tenebroso ato, (como se
isso houvesse justificativa) que bateu, que ofendeu, agrediu ou matou na vítima
para ele “virar homem” ou “ser mulher de verdade”. Quantas vezes já ouvimos
pessoas falando dessa forma no nosso dia a dia? E quantas pessoas, sejam
crianças, adultos ou idosos vão ter que sofrer violência devido a sua opção
sexual?
O Brasil tem que mudar suas leis urgentes para combater
qualquer tipo de violência, verificando algumas fontes de pesquisa internacionais,
nos preocupa o grande número de vítimas de violência contra gays, lésbicas e
transgêneros.
Nosso país continua sendo o campeão mundial de crimes
homo-transfóbicos: segundo agências internacionais, 40% dos assassinatos de
transexuais e travestis no ano de 2012 foram cometidos no Brasil. Segundo o
relatório divulgado pela Secretaria de Direitos Humanos (SDH) em 2012, foram
registradas 3.084 denúncias de violência contra homossexuais, bissexuais,
travestis e transexuais; e mais de 9,9 mil violações de direitos relacionados à
população LGBT.
A sexualidade não deve ser encarada com preconceitos, pois
cada um possui uma maneira própria de viver sua sexualidade, e essa é
individual, não possui um padrão fixo e cabe a família o papel de apoiar,
ajudar o seu ente para que ele possa se sentir confiante e seguro, pois, se a
própria família não ajudar, quem vai?
Referências
Carvalho. Andressa. A
família na atualidade. Disponível em:
http://meuartigo.brasilescola.com/psicologia/a-familia-na-atualidade.htm.
Acesso em 02/03/2015.
Mannoni, M. (1999). A criança retardada e mãe. (5a edição).
São Paulo: Martins Fontes.
Bárbara Nunes
(Licenciada em Letras (UNEMAT Tangará da Serra, pós-graduada em Gênero e
Diversidade na escola –UFMT Rondonópolis