Não foi uma estratégia de mobilização, mas de imobilização.
Por isso, a greve geral que ocorreu na última sexta-feira 28 conseguiu produzir
uma unanimidade na sociedade: de repulsa, e se transformou num eloquente
fracasso.
A baderna provocada por integrantes das centrais sindicais e
associações ligadas ao PT, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST),
que incluiu a interrupção do transporte público e das vias na tentativa de
transmitir a sensação de que foi exitosa, só contribui para gerar mais
antipatia e revolta entre a população interessada em fazer valer o seu direito
de ir e vir.
Não há dúvida de que greve é um direito constitucional do cidadão,
sobre o qual não se discute. Mas impedir as pessoas de trabalhar, usando a
violência pura e simples como forma de imposição, é uma transgressão
inaceitável e uma atitude típica de mentes totalitárias. “Os verdadeiros
trabalhadores foram constrangidos e agredidos.
O povo de verdade está passando
frio, esperando condução. Greve é direito. Obrigar as pessoas a aderir a uma
greve é crime”, esbravejou nas redes sociais a advogada e professora da USP,
Janaína Paschoal. “A mensagem é a seguinte: se estamos no poder, o País
funciona (sabemos como). Se saímos do poder, paramos tudo, entendem?”
Pancadaria
No aeroporto Santos Dumont, no Rio, um grupo vestindo
coletes e bonés da Central Única dos Trabalhadores (CUT) partiu para o
confronto dentro do saguão do check-in, que funcionava normalmente. Houve
trocas de socos e pontapés com taxistas, que reclamavam do fechamento da via em
frente ao terminal.
Mas não foi só lá que os manifestantes fizeram sua vontade
valer pela força dos punhos. Também na Estação da Luz, em São Paulo, os
sindicalistas expulsaram de dentro dos trens passageiros que tentavam embarcar
durante a reabertura das atividades entre trechos do metrô. Houve um princípio
de tumulto, e a PM precisou intervir.
Os cidadãos que não foram trabalhar só o fizeram pelo
achaque dos sindicalistas. Em Brasília, bloqueios impediram o acesso à cidade.
Ao menos cinco estradas que fazem ligação com a cidade estavam fechadas, entre
elas a BR-060, que liga a capital federal a Goiânia, onde pneus foram
queimados.
Outros pequenos atos pelas ruas de várias capitais serviram ao mesmo
propósito: importunar aqueles que queriam trabalhar normalmente. Em Fortaleza,
a atuação dos manifestantes gerou uma situação tragicômica: os sindicalistas
passaram em frente a lojas e as obrigavam a fechar as portas. Com medo, os
comerciantes atendiam o pedido no momento, apenas para voltar a funcionar tão
logo os militantes iam embora.
A adesão de diversos setores ficou muito abaixo do esperado
pelas centrais sindicais. Mesmo os setores em que a participação parecia certa
– caso dos bancários, metroviários e rodoviários – pararam apenas parcialmente.
Como ficou claro que o movimento grevista não tinha a força que apregoava, é
provável que ele esfrie de agora em diante. Diz o filósofo e economista norte-americano,
Thomas Sowell: “Um dos tristes sinais da nossa época é que demonizamos aqueles
que produzem, subsidiamos os que se recusam a produzir e canonizamos os que
reclamam”. Aqui, não!
Gatos pingados A
greve, feita por poucos sindicalistas, impediu o direito de ir e vir de muitos.
No Rio, membros da CUT espancaram quem quis trabalhar no Aeroporto Santos
Dumont (Créditos Dida Sampaio/Estadão; Antonio Cruz/Agência Brasil; Beto
Barata/PR)
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