"Sempre que o STF profere alguma decisão bizarra, o
povo logo se apressa para sentenciar: “a Justiça no Brasil é uma piada”. Nem se
passa pela cabeça da galera que os outros juízes – sim, os OUTROS – se
contorcem de vergonha com certas decisões da Suprema Corte, e não se sentem nem
um pouco representados por ela.
Certamente não fazem a menor ideia de como é visitar a casa
humilde da senhorinha acamada que não se mexe, para propiciar-lhe a interdição.
Nem imaginam como é desgastante a visita periódica ao presídio – e o percorrer
por entre as celas. Nem sonham com as correições nos cartórios extrajudiciais.
Nem supõem o que seja passar um dia inteiro ouvindo testemunhas e interrogando
réus.
Nunca presidiram uma sessão do Tribunal do Júri. Não conhecem as agruras,
as dificuldades do interior. Não conhecem nada do que é ser juiz de primeiro
grau. Nada. Do alto de seus carros com motorista pagos com dinheiro público,
não devem fazer a menor ideia de que ser juiz de verdade é não ter motorista
nenhum. Ser juiz é andar com seu próprio carro – por sua conta e risco – nas
estradas de terra do interior do Brasil . Talvez os Ministros nem saibam o que
é uma estrada de terra – ou nem se lembrem mais o que é isso. Às vezes, nem a
gasolina ganhamos, tirando muitas vezes do nosso próprio bolso para sustentar o
Estado, sem saber se um dia seremos reembolsados - muitas vezes não somos.
Será que os juízes, digo, Ministros do STF sabem o que é
passar por isso? Por que será que os réus lutam tanto para serem julgados pelo
STF (o famoso “foro privilegiado") – fugindo dos juízes de primeiro grau
como o diabo foge da cruz? Por que será que eles preferem ser julgados pelos
“juízes” indicados politicamente, e não pelos juízes concursados?
Fonte: Advogado Edailton Medeiros - Campina Grande-PB
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