O Brasil, 53% das pessoas estão acima do peso, e 19,8%
chegam à obesidade, segundo o Ministério da Saúde. Quem quer ou precisa
emagrecer e pensa em recorrer aos suplementos alimentares pode se decepcionar.
É que um levantamento atualizado neste ano pelos Institutos
Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês) norte-americanos mostra que 13
entre as 24 (58,3%) substâncias mais comuns nesses produtos têm mínimo ou
nenhum efeito sobre o emagrecimento.
Foram avaliados 240 estudos. A conclusão é que suplementos à
base de cafeína, por exemplo, famosos pelo efeito de acelerar o metabolismo,
até podem levar a uma “possível redução modesta de peso”, mas é o máximo que
atinge, já que não é consenso científico que qualquer uma das substâncias seja
eficiente. Seis substâncias enquadram-se nessa categoria – o que representa
25%.
No caso da cafeína, uma pesquisa maior que acompanhou quase
60 mil pessoas por 12 anos concluiu que quem aumentou o seu consumo evitou
ganhar menos de 1 kg em relação aos demais.
Mesmo anunciadas como emagrecedoras em lojas virtuais,
outras opções não surtem efeito algum na perda de peso. É o caso da vitamina D,
cuja deficiência é associada à obesidade.
Cientificamente, no entanto, não há evidências de que o
maior consumo dela atue no sentido contrário. A goma guar também não teria
efeito direto no emagrecimento, ainda que ajude na sensação de saciedade.
Os estudos permanecem inconclusivos sobre quatro substâncias
(16,6%): a fucoxantina, os probióticos, a cetona de framboesa e outro
termogênico, a laranja-amarga. Em lojas online, elas são associadas a potentes
propriedades emagrecedoras.
“Quando se colocam em uma balança os potenciais benefícios e
riscos dos suplementos, percebe-se que os ganhos são pequenos e questionáveis.
Então, não se poderia sair divulgando que são seguros ou eficazes no combate à
obesidade”, diz o endocrinologista Fulvio Thomazelli.
Termogênicos
O médico reforça que não há consenso acadêmico sobre a
eficácia de substâncias termogênicas como a cafeína, o chá verde e a laranja-
amarga. Elas são vendidas com a promessa de acelerar o metabolismo e, assim,
ajudar no emagrecimento. Isso aconteceria porque agem sobre receptores
adrenérgicos, que sinalizam às células que devem queimar mais energia.
“O que acontece no corpo é uma interação de inúmeras células
e fatores hormonais. A célula não é um mecanismo isolado, então essa ativação
metabólica não funciona igual em um organismo vivo”, diz.
A Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e
Síndrome Metabólica (Abeso) também não recomenda o uso de suplementos para
perder peso. “Nossa primeira recomendação é procurar um endocrinologista para
fazer um plano de emagrecimento”, diz o presidente Mário Carra.
O faturamento da indústria de suplementos no Brasil chegou a
R$ 1,96 bilhão em 2018, informa a Associação Brasileira dos Fabricantes de
Suplementos Nutricionais e Alimentos para Fins Especiais (Brasnutri).
Segundo pesquisa da Associação Brasileira da Indústria de
Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abiad), 54% dos brasileiros
consomem algum tipo de suplemento – não necessariamente os que dizem ajudar a
emagrecer.
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