O médico Oliveira Pereira da Silva Alexandre, investigado pelo Ministério Público (MP) de São Paulo por tomar doses da vacina contra a Covid-19 produzida por laboratórios diferentes, vai pagar multa de R$ 15 mil.
A informação foi divulgada pelo próprio médico, morador de Assis (SP), nas redes sociais. Segundo Oliveiro, ele fez um acordo com a Justiça e pagará a quantia em forma de doação à Santa Casa de Assis.
Na publicação, o médico afirmou que decidiu tomar as duas doses de laboratórios diferentes porque tem experiência na área. Ele afirma que trabalha há mais de 20 anos em uma clínica onde se trata doenças alérgicas com imunizantes.
“De vacina, eu entendo. Essas vacinas que estão sendo produzidas hoje, acompanho a produção das mesmas desde os anos 2000, quando teve o primeiro surto da gripe do Oriente. Quando começaram a sair, eu sabia qual era a melhor, qual era a pior”, disse.
O médico afirma que sua preferência era pela vacina de Oxford/AstraZeneca, por ter a eficácia mais alta, de 76%. No entanto, ele conta que o município recebeu doses da Coronavac, que tem eficácia de 50,4%. Ele recebeu a primeira aplicação com esse imunizante.
Oliveira diz que, dias depois, alguns frascos da vacina de Oxford/AstraZeneca ficaram abertos e corriam risco de perderem o prazo de validade. Por isso, ele admite ter tomado a segunda dose com o imunizante produzido por outro laboratório.
“Eu ansiava pela vacina da AstraZeneca, que com uma dose eu estaria protegido. E chega no hospital, a Coronavac. […] Passa-se uns cinco, seis dias, eu recebo um telefonema dizendo: você vai ter a vacina até cinco horas da tarde. Cinco horas da tarde, a gente para de vacinar porque os frascos que foram abertos vencem o prazo agora às 17h. Se não tomar, não pode aplicar em outra pessoa”.
“É a vacina que eu desejo, que tem 94% a mais de proteção para me proteger, que estou na linha de frente. Vou tomar”, afirmou.
Entenda o caso
No dia 15 de fevereiro, médico, que se apresenta como Dr. Oliveira, admitiu ter tomado uma dose da Coronavac e, menos de uma semana depois, outra dose da vacina de Oxford/AstraZeneca.
Apesar do médico ser servidor estadual, lotado no Hospital Regional de Assis, o caso passou a ser investigado pela prefeitura da cidade. Além disso, o Ministério Público de São Paulo também começou a apurar o caso, alegando que “o comportamento do médico pode configurar, em tese, ato improbidade administrativa e também infração penal”.
Após repercussão negativa, o médico publicou um vídeo no Facebook no qual declara que sentiu na pele, assim como o presidente Jair Bolsonaro, a “demonização” promovida pela imprensa.
“Por dois minutos, eu senti o que o nosso presidente Jair Messias Bolsonaro vem sentindo há dois anos. Eu me senti como Jesus Cristo lá na cruz, com a multidão gritando: ‘crucifica, crucifica’. Ou como aquela prostituta levada aos pés do Senhor Jesus para ser apedrejada”, diz.
Metrópoles
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