Por Davidson Oliveira
Quando ouço um professor elogiando Paulo Freire, Leonardo Boff, Lula, Dilma, Karl Marx e outros biltres, me sinto um pouco impotente pois tenho todas as armas para colocar cada um deles para dentro de suas casinhas, no entanto estamos em tempos de vigilância constante a qualquer tipo de pensamento que não seja concordante com os dos moradores do fim do arco íris.
Quero fazer uma referência a um de meus comentários exibidos no programa Os Pingos Nos Is, da Jovem Pan, onde fiz um lamento à obrigação que os professores que vivem fora de Nárnia têm de ensinar aquilo que os intelectualóides da esquerda enfiaram, deliberadamente, na famigerada BNCC [1]. Para que possamos entender o caráter marxista desse documento espúrio, vamos observar algumas características inseridas nele. Veja o exemplo de uma suposta “relativização da matemática”, no sentido de torna-la não mais uma ciência exata, mas uma ciência relativista, atendendo a uma aberração de Paulo Freire quanto ao “caráter opressor do conteúdo”.
“Os ideólogos são inovadores e querem revolucionar também as outras matérias de estudo, como a Matemática, por exemplo. ‘Por meio de conhecimentos iniciais da Probabilidade e da Estatística — diz o texto da base curricular —, os estudantes começam a compreender a incerteza como objeto de estudo da Matemática e o seu papel na compreensão de questões sociais, por exemplo, em que nem sempre a resposta é única e conclusiva’”. [2]
Na mesma toada, o documento de potencialização de revolução cultural aponta para as ciências da natureza como instrumento que deve levar “crianças, jovens e adultos para o questionamento” [3] , tendo como objetivos “apropriar-se da cultura científica como permanente convite à dúvida“, “compreender a ciência como um empreendimento humano, construído histórica e socialmente” e “desenvolver senso crítico e autonomia intelectual no enfrentamento de problemas e na busca de soluções, visando a transformações sociais e à construção da cidadania” [4]
Aparentemente, qualquer um que se empolgue com palavras bonitas e dispostas de maneira convincente nos textos, pode conceber que, definitivamente, conquistamos um avanço no campo pedagógico e na política sobre aquilo que deve ser ensinado. Pois bem, na verdade os nossos filhos agora não escaparão da revolução cultural, a não ser que nos mudemos para outro país, onde não exista currículo unificado e onde essas aberrações não ocorram.
O documentário Pátria Educadora, da Brasil Paralelo, no segundo episódio, ilustra muito bem os resultados catastróficos de países que tentaram unificar currículos, sem levar em consideração a regionalidade e a cultura de cada localidade. A centralização é uma imposição covarde e traz prejuízos terríveis a médio e longo prazo. Ao contrário, nações que descentralizam os sistemas educacionais, dando autonomia a Estados e municípios, possuem resultados superiores nos exames de proficiência internacionais. Em países sérios, a descentralização cria até mesmo opções de escolha entre os melhores modelos, chegando a ocorrer situações, que envergonham o Brasil, como relatado no jornal Gazeta do Povo:
“Nos EUA, a descentralização permite que famílias americanas optem por mudar de Estado para oferecer mais oportunidades educacionais aos filhos. No Brasil, isso não seria tão simples, diz José Matias-Pereira. ‘Nosso modelo de federação foi copiado dos Estados Unidos, mas é preciso um nível de amadurecimento da economia, da política e da própria área de educação para avançar nesse sentido’”. [5]
Assim, o Brasil continua a ilusão, que parece eterna, de achar que o socioconstrutivismo tem alguma contribuição ainda não realizada para a educação. Vemos currículos demasiadamente carregados de ideologias e de fábulas socialistas, como a demonização do capitalismo e a valorização de ideias como a luta de classes e questões que sequer deveriam frequentar bases curriculares, como racismo, questões de gênero e ideais revolucionários. Estes são assuntos que não são proibidos e nem necessários para que os resultados do Brasil nos exames internacionais de proficiência em cálculo, leitura e escrita sejam melhores. Existem outros ambientes onde pode-se perder ou ganhar tempo discutindo-os.
Veja bem, quando um órgão internacional, como a OCDE, aplica um exame para medir a qualidade da educação de nações mundo afora, o objetivo não é saber se Marielle vive ou não vive, tampouco se o impeachment de Dilma foi um golpe que mereça aspas, como está disposto na matriz curricular do primeiro ano do ensino médio, em um de seus objetos de conhecimento. Sim, seu filho ou sua filha serão levados, pelos professores, a entender que o impeachment da “mononeurônica” foi um “impeachment”, assim, entre aspas.
Prefiro não me aprofundar a outros aspectos de revolução cultural escancarados no documento marxista. Só digo que o pouco que citei neste texto é só um aperitivo. Tem ideologia de gênero desde a mais tenra infância, tem MST e MTST considerados movimento sociais, tem xenofobia, racismo e fascismo dentro do mesmo objeto do conhecimento, tem luta de classes, tem estudo das teorias de Karl Marx como se tivessem alguma relevância e mais um monte de “sociocostruções” que vão contribuir para a formação dos barbudinhos e das cabelinhos roxos e axilas cabeludas, que serão eternos encostos nas casas dos pais até que estes morram e aqueles se encontrem na mais profunda sarjeta.
E você? Vai replicar este texto para abrir os olhos daquele seu amigo ou amiga que acha que a unificação e centralização do currículo é um avanço? Talvez queira mostrar a todos o caso da menina Elisa de Oliveira Flemer, de 17 anos, que passou em 5º lugar no curso de engenharia civil da Escola Politécnica da USP, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Ela recebeu um pouco da educação que seus pais sabiam ser a melhor para ela. Não perdeu tempo discutindo se Karl Marx não foi interpretado corretamente. Não perdeu seu precioso tempo com Marielle, Anita ou aprendendo que Zumbi dos Palmares foi um ícone, um herói na luta contra a escravidão. Ela sim, aproveitou um bom espaço de tempo se dedicando ao que realmente interessa. Sabe qual foi a única coisa que a atrapalhou? Uma juíza chamada Erna Tecla Maria. Isso mesmo! Uma juíza, paga com o seu dinheiro e com o meu. Ela concluiu que Elisa não exibiu documentos que provem altas habilidades ou maturidade mental para frequentar o ensino superior. A Meritíssima talvez estivesse esperando que Elisa gritasse “Lula Livre” ou “Bozo fascista” para entender que ela estaria apta a frequentar a 115ª colocada entre as universidades do mundo.
Notas:
[1] A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica.
[2] Ministério da Educação, Base Nacional Comum Curricular, p. 120. (Citação do artigo do Padre Paulo Ricardo, disponível neste link.
[3] Ministério da Educação, Base Nacional Comum Curricular, p. 150
[4] Ministério da Educação, Base Nacional Comum Curricular, p. 186.
[5] Disponível neste link.
O AUTOR: Professor de Educação básica-ensino fundamental, séries iniciais. Pós graduado em Orientação Escolar, Supervisão Escolar e Psicopedagogia pela Faculdade Castelo Branco-NUPOEX-Colatina-ES. Autor dos livros “Reflexões Sobre Educação e Controle Social”, “Professores do Acaso” e “ A Farsa Paulo Freire e a Decadência da Educação Brasileira”.
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