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Censura banhada a sangue

Por César Santos

Noite de segunda-feira, 18, num bairro simples de Caicó (RN), seis tiros fizeram calar a voz de um dos mais respeitados repórteres policiais do Rio Grande do Norte.

F. Gomes exercia o jornalismo em toda a sua essência, com compromisso único: noticiar os fatos de forma fiel e verdadeira.

Acreditava que a liberdade de imprensa é um dos princípios pelos quais um Estado democrático assegura a liberdade de expressão aos seus cidadãos.

Seus algozes, certamente, pensam diferente. Na força, o golpe desumano contra F. Gomes e a censura banhada de sangue à imprensa livre.

Naquele momento, distante dali, em São Paulo, diante de uma plateia de empresários bem-sucedidos, o presidente Lula convocava a classe política para “perder o medo” da imprensa.

Apresentou-se, mais uma vez, como vítima do “golpismo midiático” e arrematou que só perdendo o medo da imprensa será possível o país ter a verdadeira liberdade de expressão.

Ou seja, enfrente a imprensa, se não tiver satisfeito. Foi isso que fizeram os assassinos de F. Gomes, com uma única diferença: em vez da palavra ameaçadora, eles usaram as armas de fogo.

Os ataques à imprensa no Brasil se apresentam em movimento crescente, seja com prática de agressão física ou de uso da mordaça.

Relatório elaborado pela Federação Nacional dos Jornalistas revela que só em 2009 foram registrados 58 casos de violência contra jornalistas no Brasil, números similares a anos anteriores. No biênio 2007/2008, registrou 115 casos.

O estudo destacou casos de agressão física, muitas vezes cometida por agentes do Estado ou a mando deles.

E grifou o episódio do jornal O Estado de S.Paulo, que foi proibido judicialmente de publicar informações sobre uma operação da Polícia Federal que investiga o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Congresso Nacional, senador José Sarney (PMDB).

Os ataques à imprensa livre, hoje, devidamente respaldados pelo presidente da República, fazem o país voltar 35 anos no passado, quando teve o jornalista Vladimir Herzog morto nos porões do DOI-Codi, órgão de repressão do Regime Militar. Um 25 de outubro que continua assustando o país.

NOTA DO BLOG: Meus pêsames à familia de F. Gomes. Que Deus o tenha em um bom lugar!

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