(POR JOTTA PAIVA) - A eleição e posse da desembargadora, Judite Monte de Miranda Nunes, para a presidência do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN), em cerimônia realizada na sexta-feira, 7, em Natal, representa mais um momento histórico para a democracia e o feminismo no Rio Grande do Norte.
Não só porque é a primeira vez que o Judiciário do Estado é comandado por uma mulher, mas porque é a primeira vez que os três poderes norte-rio-grandenses são entregues às mulheres, também com a eleição de Rosalba Ciarlini para o governo do Estado e, mais recentemente, da deputada Márcia Maia para a presidência da Assembleia Legislativa.
E não para por aí. Fazendo um levantamento quantitativo, talvez se possa afirmar que o Rio Grande do Norte seja o estado mais feminino da federação.
Além dos três poderes, a capital, Natal e a segunda maior cidade em população, Mossoró, também são governadas por mulheres: Micarla de Souza e Fafá Rosado, respectivamente.
A eleição da professora Ângela Paiva, como a primeira mulher reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), também marca esse período de ascensão do gênero feminino em cargos importantes. Da UFRN também saiu à secretária estadual de Educação, Betânia Ramalho, para o atual governo.
A vitória da presidente Dilma Rousseff, que obteve 59% dos votos válidos entre os potiguares, consolida a marca de estado mais feminino da federação.
CENSO 2010
O Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado no ano passado, mostrou que o Rio Grande do Norte é um estado de mulheres. 51,12% da população pesquisada são mulheres. O número de mulheres é superior ao de homens em praticamente todos os municípios, sobretudo nos mais populosos. Os dados nacionais são bem parecidos. Em todo o país, que tem 51,04% de mulheres, apenas na região Norte, o número de homens é superior, inclusive em todos os estados pesquisados.
ARTISTAS
No cenário nacional, as mulheres norte-rio-grandenses também têm maior destaque, principalmente na música. Segundo a produtora cultural, Toinha Lopes, pelo menos oito cantoras roubam a cena: Valéria Oliveira, que tem se apresentado muito no Sudeste, tendo ido recentemente fazer apresentações no Japão; Christal, a rainha brasileira do Coco, música cultural do Rio Grande do Norte que volta a tocar nas rádios; Roberta Sá, considerada uma das novas divas da música brasileira, sendo indicada para o Prêmio da Música Brasileira 2010 como melhor cantora, ao lado de Maria Bethânia e Nana Caymmi, tendo conquistado ainda o Prêmio Paulista de Críticos de Arte (PPCA) e o Disco de Ouro em 2007; além do grupo Rosa de Pedra; Marina Elali; Thabata; Isabela Taziane e Lis Rosa.
Na televisão, o destaque é para a atriz Paola Oliveira, que embora tenha nascido em São Paulo, seus pais são de São Miguel, no Alto Oeste.
HISTÓRIA
A primeira mulher a votar no Brasil também foi do Rio Grande do Norte. Em 1928, Celina Guimarães Viana, professora, juíza de futebol, mulher atuante em Mossoró, foi a primeira eleitora inscrita no Brasil. Após tirar seu título eleitoral, um grande movimento nacional levou mulheres de diversas cidades do Rio Grande do Norte e outros nove estados da Federação a fazerem a mesma coisa.
Com a mulher eleitora, vieram outras conquistas de espaço na sociedade, a principal delas foi a eleição e vitória de Alzira Soriano, que disputou em 1928, aos 32 anos, as eleições para prefeito de Lajes, pelo Partido Republicano, vencendo o referido pleito com 60% dos votos. Ao tomar posse em 1° de janeiro de 1929, Alzira Soriano tornou-se a primeira prefeita eleita no Brasil e na América Latina.
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