DIÁRIO DE CUIABÁ
As ações desempenhadas pela presidente Dilma Rousseff (PT) à
frente do Palácio do Planalto nos últimos quatro refletiram no maior e no menor
índice de votação da petista nos municípios do estado de Mato Grosso.
Enquanto ela chegou ao ápice de aprovação no município de Barão de
Melgaço, com 76,61% dos votos, em Alto da Boa Vista perdeu disparado para seu
adversário, o senador Aécio Neves (PSDB).
Esta última cidade foi a que apresentou maior índice de votação em
prol do tucano tanto no primeiro quanto no segundo turno das eleições. No
primeiro, inclusive, chegou a ser o município em que o senador teve o maior
número de votos de todo o Brasil.
No segundo turno, ele garantiu 1.758 votos, o equivalente a 84,32%
dos eleitores da cidade, contra apenas 15,68% da presidente petista, que
angariou somente 327 votos.
Conforme o prefeito de Alto da Boa Vista, Liozipe Domingos
Gonçalves (PMDB), a baixa aprovação de Dilma nas urnas se deveu ao episódio
Marãiwatsédé.
A maioria das famílias expulsas da Gleba Suiá-Missú, que foi
considerada terra indígena, reside no município. Por não serem índios, os
moradores da gleba foram obrigados a sair da área, que se transformou em
reserva indígenas Marãiwatsédé.
Marãiwatsédé é uma área de mais de 165 mil hectares entre os municípios
de Alto da Boa Vista, São Félix do Araguaia e Bom Jesus do Araguaia demarcada
pelo governo federal como terra indígena xavante, mas disputada também por
posseiros estabelecidos na região.
Após longo processo judicial, a Justiça decretou a retirada dos
posseiros com auxílio de forças militares nacionais, ação iniciada no final de
2012 e encerrada em 2013.
Ao fim, o governo se comprometeu a assentar as famílias dos
pequenos produtores rurais desalojados. Em janeiro deste ano, parte dos
posseiros expulsos chegou a tentar reocupar a área, mas sem sucesso.
A grande mágoa dos moradores é que foi no governo do PT que eles
foram obrigados a deixar a área onde sempre viveram. Pessoas perderam tudo,
crianças foram obrigadas a deixar sua escola e as casas, derrubadas pelos
índios.
Além dessa perda, os moradores culpam o governo federal por
prometer levá-los para uma área semelhante em outro lugar. Mas ficou só na
promessa.
“A presidente Dilma tem muito serviço prestado aqui no município,
mas este episódio superou tudo de avanço positivo que ela trouxe. Este processo
todo começou no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), mas
quem executou foi a presidente Dilma. Muitas famílias ainda estão amedrontadas
e traumatizadas com tudo que aconteceu. O povo ainda continua desamparado. Sem
dúvida, isto foi o fator que levou ela a não ter votos aqui no município”,
pontua o prefeito.
Em contrapartida, em Barão de Melgaço Dilma obteve mais de três
mil votos, garantindo 76,61% de aprovação. O senador tucano, por sua vez, teve
925 votos (23,39%).
O prefeito da cidade, Antônio Ribeiro Torres (PMDB), acredita que
o alto índice de votação de Dilma no município se deve ao fato de muitas
famílias serem beneficiadas do governo federal por meio de programas sociais
como o Bolsa Família.
“Eu atribuo a vitória de Dilma em Barão ao atendimento da área
social. Barão é um dos municípios mais carentes do Brasil. Os benefícios
concedidos pelo governo federal atendem de mão cheia as famílias da cidade,
que, na maioria das vezes, chega a ser a salvação deles”, conta.
Em Mato Grosso, a presidente petista saiu derrotada, tanto no
primeiro quanto no segundo turnos. No primeiro, ela obteve 616.265 mil votos,
contra 693.251 de Aécio. Já no segundo, ela garantiu 717.230 mil votos,
enquanto o senador tucano angariou 864.999 mil votos.
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