Laura Nabuco, do Jornal A Gazeta
A defesa do ex-secretário de Estado Eder Moraes (PMDB) vai
requerer à Justiça Federal que reúna em um único processo todas as denúncias do
Ministério Público Federal (MPF) referentes às supostas irregularidades no
pagamento de precatórios do governo descobertas por meio da operação Ararath.
A acusação mais recente neste sentido chegou no gabinete do juiz
Jeferson Schneider, da Quinta Vara da Justiça Federal em Mato Grosso, no início
de dezembro. Trata-se de um inquérito sigiloso da Polícia Federal que ainda não
resultou em uma denúncia formal por parte do MPF. Nele, além de Eder, constam
como indiciados os empresários Genir Martelli e Gércio Marcelino Mendonça
Júnior, o Júnior Mendonça, delator do esquema de desvio e lavagem de dinheiro
alvo da Ararath.
De acordo com o advogado do ex-secretário, Ronan Oliveira, o
pedido pela unificação das denúncias será embasado no fato de todas as
acusações serem semelhantes. “As denúncias são muito parecidas, muda pouca
coisa de uma para outra. Há uma conexão de ações e todas têm o mesmo objeto”,
argumenta.
De maneira genérica, as ações do MPF têm acusado Eder Moraes de
ser o mentor de um esquema de desvio de recursos públicos por meio do pagamento
de dívidas antigas de fornecedores do governo do Estado. Os valores destes
débitos eram majorados sob a alegação da incidência de juros.
Apenas uma parte do montante pago, todavia, era recebida pelo
empresário. Outra, que chegaria a até 50% do total quitado pelo Paiaguás,
ficava à disposição do grupo político ao qual Eder pertencia. Entre os
beneficiários estariam os ex-governadores Silval Barbosa (PMDB) e Blairo Maggi
(PR).
As dívidas costumavam ser pagas por meio do BIC Banco ou das
empresas de factoring de Júnior Mendonça, onde os aliados políticos de Eder
faziam “empréstimos” para ter acesso a verba pública desviada.
Até agora, o MPF já apresentou cinco denúncias contra Eder, frutos
dos inquéritos da operação Ararath. A primeira delas, da qual também são réus o
ex-superintendente do BIC Banco, Luis Carlos Cuzziol, e a esposa do
ex-secretário, Laura Tereza da Costa Dias, já está pronta para ser sentenciada.
O ex-secretário adjunto de Fazenda, Vivaldo Lopes, também figurava
como réu nesta ação, mas pediu o desmembramento do processo.
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