Romilson Dourado
As investigações do Gaeco, que resultaram em denúncia contra 15 pessoas, entre elas o ex-deputado José Riva, que está preso, revelam que três representantes e/ou funcionários de empresas de fachada faziam saques na boca do caixa e entregavam pessoalmente altas quantias em espécie para Edemar Nestor Adams. Braço de Riva, Edemar foi secretário de Orçamento e Finanças entre 2005 e 2006 e depois secretário-geral até 2009. Segundo o Ministério Público, era ele quem pagava contas pessoais e empréstimos do ex-deputado. Edemar faleceu em 25 de outubro de 2010. Na época, o MPE já havia descoberto as fraudes e estava em negociação para Edemar aceitar acordo de delação premiada.
O esquema de aquisição simulada de material de expediente e artigos de informática desviou R$ 42,2 milhões da AL. Funcionou de 2005 a 2009, com fraude de contratos licitatórios nas modalidades carta convite, pregão presencial e concorrência pública.
Elias Abrão Júnior Nassarden era peça-chave. Fez saques no caixa para entregar dinheiro em espécie a Edemar, assim como Jean Carlo e Leonardo Maia. O Gaeco monitorou os passos do trio, que agia rápido. Os trâmites dos empenhos nas secretarias também eram céleres.
MP revela que esquema de fraudes na AL tinha participação de secretários e de empresas de fachada
Para se ter ideia, a Real Comércio, uma das "fornecedoras" da Assembleia, teve ordem de fornecimento de produtos protocolada em 17 de setembro de 2009. Com menos de uma semana já fez entrega de notas, uma de R$ 1,2 milhão e outra de R$ 350 mil. No dia 24, ou seja, sete dias depois do empenho, a AL transferiu R$ 519 mil à empresa. E no dia 30 creditou mais R$ 600 mil. Em 15 de outubro, mais R$ 235,2 mil.
De acordo com as investigações, a Real só conservou na conta 20% dos valores. E como se deu as operações de saída do dinheiro? Em 8 de outubro, Leonardo Maia, usando um veículo Honda Civic e em nome da Real Comércio, fez dois saques na boca do caixa do Banco do Brasil, na avenida Couto Magalhães, em Várzea Grande, sendo um de R$ 90 mil e outro de R$ 58 mil. Entregou o dinheiro dentro de uma pasta para Elias Júnior. Na direção de um Toyota Hilux SW4, Elias "voou" para o prédio onde morava Edemar e ali repassou R$ 148 mil ao então secretário. Esse era o modus operandi da quadrilha.
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