Em uma reportagem de página inteira publicada na quinta-feira (15), o diário econômico francês Les Echos relata que "a maior empresa brasileira foi infiltrada por uma máfia ligada ao poder político". Incapaz de apresentar seu balanço financeiro, escreve Les Echos, a Petrobras é um "transatlântico à deriva".
O diário adverte os investidores de fundos que detêm títulos da Petrobras no exterior, principalmente os chamados fundos abutres, "planam sobre a dívida colossal" da petrolífera brasileira. A maior multinacional do Brasil, que já foi o orgulho do país e tem valor de mercado estimado em US$ 100 bilhões, está desmoronando com as revelações da Operação Lava Jato da Polícia Federal.
Les Echos explica o escândalo de corrupção desde o início, a partir da prisão do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, que assinaram acordos de delação premiada para diminuir eventuais condenações.
O jornal conta a existência de uma comissão de 3% cobrada por Costa nos contratos com fornecedores, a fim de financiar o caixa dois dos partidos políticos no poder. Revela as tentativas de denúncia da geóloga Venina Velosa, os contratos superfaturados, a conivência das empreiteiras, enfim, tudo o que os brasileiros têm ouvido e visto nos jornais e na TV "completamente aturdidos".
A Operação Lava Jato tem semelhanças com a operação Mãos Limpas, que desmantelou as ligações da máfia com os políticos e juízes na Itália. Mas o problema, conforme destaca Les Echos, é que o Brasil está longe de tirar as mesmas lições que os italianos, no caso da Petrobras.
Inquérito nos EUA
O "drama" da Petrobras ultrapassou rapidamente as fronteiras do Brasil. As ações da petroleira estão em queda livre nos mercados internacionais e fundos abutres manobram para cobrar rentabilidade antecipada, reporta o jornal.
A Petrobras é alvo de investigação nos Estados Unidos, acumula uma dívida de US$ 135 bilhões e precisa de novos empréstimos para explorar as reservas do pré-sal, relata Les Echos. Se a empresa não publicar seu balanço do terceiro trimestre do ano passado - que auditores independentes se recusaram a corroborar pela possível maquiagem das contas -, a empresa será punida e os fundos abutres vão cobrar compensações.
Nesse mar de lama, que a presidente Dilma Rousseff afirma "vir de inimigos do exterior", destaca Les Echos, empresas francesas que fornecem para a Petrobras também podem sair prejudicadas.
O jornal encerra o texto com uma declaração do jurista Walter Maierovitch, ouvido na reportagem: "A corrupção está ganhando terreno no Brasil. Caso medidas urgentes não sejam tomadas, o Brasil corre o risco de se tornar um país dominado por ladrões."
*Tomaz Silva/ Agência Brasil ( RFI )
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