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Políticos apoiam bloqueio, mas produtores temem prejuízo

KARINE MIRANDA

Os senadores Blairo Maggi (PR) e José Medeiros (PPS) e o deputado Dilmar Dal' Bosco (DEM) se manifestaram favoráveis ao protesto dos caminhoneiros, empresários do setor de transportes e produtores rurais que bloqueiam quatro pontos da BR-163, no Norte de Mato Grosso.

Em contrapartida, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) teme a interferência do protesto no escoamento da safra de soja que está sendo colhida no Estado.

O protesto bloqueia quatro pontos da BR-163, no Norte de Mato Grosso, desde quarta-feira (18).


A categoria exige a redução de 17% para 12% da alíquota do ICMS do óleo diesel, bem como a elaboração de uma tabela fixa para a cobrança do frete baseada na Lista de Preços Mínimos de Frete da Secretaria de Fazenda (Sefaz).

Para o senador José Medeiros, o Governo Federal precisa dar atenção à reivindicação de caminhoneiros, já que o movimento ganha força a cada dia.

“Se o Governo virar as costas para esse movimento, o bloqueio pode ocorrer em outras rodovias de Mato Grosso e, até mesmo, se espalhar por todo o país”, alertou o senador, em Plenário.

Segundo ele, o bloqueio de rodovias compromete o escoamento da produção agrícola, principal atividade econômica do Estado, e isso revela a necessidade de investir mais em outros formas de transporte, como o hidroviário e o ferroviário, por exemplo.

“No Brasil, se o setor rodoviário espirrar, a nossa produção toda fica gripada. Em outros países, se optou por ter uma segurança maior, fazendo o transporte todo via trem, via ferrovia. E nós, em algum momento da história, perdemos o bonde e passamos a depender de um transporte caro em termos de patrimônio e caro também em perdas de vidas”, disse.

Já para o senador Blairo Maggi, as negociações com o Governo foram iniciadas, a fim de ajudar nas questões de financiamento de caminhões e sobre a Lei dos Caminhoneiros, por meio do Projeto de Lei (PL) 4.246/2012.

"Fui procurado pelos organizadores do protesto e já estou conversando com o Governo sobre a prorrogação dos financiamentos de caminhões comprados no ano passado. E, também, sobre a Lei dos Caminhoneiros, já aprovada pelo Congresso Nacional, para que seja sancionada pela presidente, sem veto", disse o republicano.

Novo estudo

O deputado Dilmar Dal'Bosco propôs a criação de uma equipe de estudo mista para avaliar as perdas na arrecadação com a redução da alíquota de ICMS.

Além disso, a equipe também vai avaliar táticas para garantir o consumo de diesel no Estado, de forma que não haja grandes perdas para economia.

"A redução é possível mediante a garantia de consumo. É preciso discutir a redução da alíquota de ICMS sem que haja perdas na arrecadação, pois sabemos que, mesmo proibido, alguns caminhoneiros fazem uso de tanques suplementares, abastecendo em outros estados", disse Dilmar.

A Secretaria de Fazenda (Sefaz), por sua vez, já anunciou a realização de um estudo técnico sobre todo o setor de combustível em Mato Grosso, e não apenas do óleo diesel.

O objetivo é avaliar a viabilidade e impacto da redução da alíquota nas contas estaduais.

Produtores

Para o presidente da Aprosoja, Ricardo Tomczyk, a manifestação dos caminhoneiros é necessária, mas, segundo ele,, é preciso considerar a importância da não interferência no escoamento da safra de soja.

"É preciso ter o mínimo de ordem, pois somos elos de uma mesma cadeia, que precisa ser sustentável. Precisamos que as propriedades sejam abastecidas com óleo diesel e ter garantido o transporte da soja para os armazéns", disse Tomczyk.

O Estado, segundo ele, está no período de pico de safra e a radicalização neste momento pode atingir outros elos da cadeia.

“O direito de manifestação é justo, pois sabemos que o setor vive um momento crítico. Mas precisamos colher e transportar a safra e vamos lutar para este direito também ser garantido”, afirmou.

O bloqueio atinge 80% do escoamento da produção agrícola do Estado e acontece no Km 745, na região de Sorriso (420 km ao Norte de Cuiabá), no Km 686 em Lucas do Rio Verde (354 km) e no Km 593 em Nova Mutum (264 km).

Já os caminhoneiros de Sinop (500 km ao Norte) aderiram ao movimento no final da manhã de quinta-feira (19), e trecho KM 854 de Sinop a Santarém (PA) está bloqueado assim como o trecho no KM 854 da rodovia.

Os municípios de Tangará da Serra e Campo Novo dos Parecis, no Noroeste do Estado, estão com o transporte de cargas parado há mais de 10 dias.

Por enquanto, os empresários do transporte realizam o bloqueio das 8h às 11h, sendo retomado das 13h e segue até às 18h. Situação semelhante ocorreu na quarta-feira (18) e quinta-feira (19).


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