RODIVALDO RIBEIRO
A criminalidade está em alta em Cuiabá, especialmente quando o
assunto é roubo, com um salto no número de ocorrências de 891 casos registrados
em 2014 para 1.044 em 2015, considerando-se somente os dois primeiros meses do
ano - um aumento de mais de 17%. Pra piorar, a modalidade mais violenta desse
tipo de crime, aquele em que a vítima é assassinada para o ladrão conseguir o
bem a ser roubado, também teve seu índice de acontecimentos aumentado em seu
dobro: de três em 2014 para seis em 2015 somente na capital e na vizinha Várzea
Grande, segundo quadro de estatística presente no site da Polícia Judiciária
Civil.
E exatamente os números relacionados à morte não são lá muito
animadores, já que houve aumento também nesse índice em Cuiabá, de 33 em 2014
para 36 neste começo de 2015. O surpreendente reverso da moeda foi Várzea
Grande, que apresentou uma queda de 20 pessoas; ainda muito, mas bem menos que
os 37 corpos jogados à vala em 2014. Outros dois latrocínios já ocorreram em
Cuiabá somente nos 14 primeiros dias de março, número que deve superar o mesmo
mês do ano passado, quando três pessoas morreram por causa da cobiça em torno
de bens materiais.
Mais do que números, há histórias de horror em torno desses
roubos, latrocínios e assassinatos. “Estávamos em casa assistindo tevê na área
dos fundos, como moro há 30 anos no bairro e nada nunca havia acontecido, não
esperávamos mesmo a companhia daqueles três homens armados, gritando palavrões,
batendo no meu marido, empurrando minha filha e genro (que eles encontraram na
sala) e exigindo dinheiro e joias enquanto outro ia arrancando a tevê do
suporte na parede e tentando colocá-la na mala onde já havia jogado o notebook,
o som e o tablet da minha filha”, conta dona Maria Souza (nome fictício),
moradora do bairro Santa Isabel, na capital. Os ladrões levaram câmeras
digitais e todos os televisores da casa, além de quase mil reais (após
revirarem os bolsos e bolsas de todos) e tocar o terror exigindo absurdos como
dólares e armas de fogo “que eles tinham certeza que tínhamos na casa”.
Do ponto de vista da vida, sentiu-se com sorte, pois fora o trauma
e o prejuízo financeiro, nada mais sério aconteceu com ninguém da família. É o
mesmo que comemora o jornalista Yuri Ramirez, colega deste Diário, que também
recebeu a visita não convidada e pra lá de incômoda de dois ladrões. “Eles
arrebentaram o portão eletrônico, entraram em casa, começaram a revirar as
coisas, mas encontraram meus avós dormindo e, talvez, assustados resolveram ir
embora sem mexer com eles, graças a Deus”, relata.
Os dois entrevistados tiveram mais sorte do que outras sete
pessoas assassinadas na capital e outras quatro em Várzea Grande somente nos
primeiros 14 dias deste março. Detalhe: fora essas mortes, ocorreram outras
duas em latrocínios em Cuiabá.
OUTRO LADO - A Polícia Civil informou que não comentará os números
enquanto as estatísticas não estiverem fechadas, com os números totais de março
de 2015, fecho do primeiro trimestre.
A Secretaria de Estado de Segurança Pública enviou nota dizendo que
“está realizando, desde o dia 6 de janeiro, a Operação Impacto, para realizar
um enfrentamento ostensivo à criminalidade em Cuiabá e Várzea Grande e alguns
municípios do interior do Estado com maiores índices criminais.
Por meio da integração, regionalização e gestão por resultados, a
Secretaria pretende reduzir o número de roubos, furtos e homicídios. A operação
acontece semanalmente nos pontos levantados pelo setor de Inteligência da Sesp
considerados como zonas quentes. A Operação Impacto faz parte do compromisso do
governador Pedro Taques no confronto ostensivo à criminalidade nos próximos 100
dias”.
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