KAMILA ARRUDA
Há 22 dias preso no Centro de Custodia de Cuiabá, o ex-deputado
estadual José Riva (PSD) já teve três pedidos de liberdade negados pela
Justiça. A esperança do social-democrata agora é a apreciação do mérito de um
habeas corpus protocolado no Tribunal de Justiça do Estado, bem como uma
reclamação proposta junto ao Superior Tribunal de Justiça.
Ambas têm a finalidade de garantir a soltura do ex-parlamentar.
Riva foi preso no último dia 21 acusado de desviar mais de R$ 60 milhões dos
cofres públicos por meio de fraude em licitação.
A prisão preventiva foi decretada pela juíza da 7ª Vara Criminal
de Cuiabá, Selma Rosane de Arruda. A medida é fruto da “Operação Imperador”,
desencadeada pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco).
No dia 25 passado, Riva teve seu primeiro recurso negado pela
Justiça. Trata-se de habeas corpus impetrado pela defesa junto ao judiciário
mato-grossense. Após a troca de dois desembargadores escolhidos através do
sistema de sorteio eletrônico, Rondon Bassil Dower Filho negou em caráter
liminar o pedido de liberdade do ex-deputado.
Diante disso, o advogado Rodrigo Mudrovitsch optou por não
aguardar a apreciação do mérito e recorreu ao STJ para tentar soltar o
ex-presidente da Assembleia Legislativa.
O jurista impetrou com um novo HC na corte superior. Em decisão
monocrática, a ministra Maria Thereza de Assis Moura negou, no último dia 28,
seguimento ao pedido. Na oportunidade, ela argumentou que ainda não é o momento
de o STJ se posicionar quanto ao tema, uma vez que o TJ de Mato Grosso ainda
não havia julgado o mérito do recurso protocolado a nível estadual.
Não contente, a defesa agravou a decisão da magistrada solicitando
que o HC fosse analisado pela 6ª Turma Recursal da Corte Superior. Apesar de
considerar a prisão preventiva do ex-deputado ilegal, o pedido de habeas corpus
foi indeferido.
Na oportunidade, quatro ministros se posicionaram contra o pedido
de soltura do ex-parlamentar. Somente o ministro Sebastião Reis vogou favorável
ao agravo. O entendimento deles foi o mesmo que da ministra Maria Thereza, de
que o STJ não pode se manifestar acerca do caso antes do Tribunal de Justiça de
Mato Grosso apreciar o mérito do recurso impetrado pela defesa no âmbito
estadual.
Paralelo a isso, Riva tenta anular o processo penal oriundo da
Operação Imperador alegando manipulação jurídica. Para Mudrovitsch, a ação
deveria ter sido proposta diretamente no Superior Tribunal de Justiça (STJ),
uma vez que o inquérito sugere a participação do conselheiro Sérgio Ricardo.
O pedido de anulação da ação penal foi feito no último dia 03 por
meio de uma reclamação junto ao STJ. “Esta ação deveria tramitar, desde o
início, no Superior Tribunal de Justiça devido à suposta participação de um
conselheiro de Estado. Mais na ação criminal, o Ministério Público fingiu que o
conselheiro não era um dos investigados, tanto que ele é citado no inquérito,
mas não é citado diretamente na denúncia oferecida na Justiça”, explica o
jurista.
Neste sentido, Mudrovitsch acredita que o Ministério Público agiu
de má-fé na condução da denúncia criminal junto ao Tribunal de Justiça. Para
ele, o órgão promoveu uma “manipulação de competência”.
Isto porque, na ação por improbidade administrativa a cerca do
mesmo caso, o MPE denunciou o atual conselheiro que na época dos fatos
respondia pela primeira secretaria da Assembleia Legislativa.
A ação civil foi proposta pelo órgão em dezembro do ano passado e
acatada pelo juiz Luís Fernando Voto Kirche. A medida resultou no bloqueio de
bens do ex-deputado, do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE),
Sérgio Ricardo e de mais 23.
Neste sentido, a defesa também questiona a postura da juíza da
Vara Especializada de Combate ao Crime Organizado, Selma Rosane de Arruda.
A magistrada aceitou a denúncia oferecida pelo Grupo de Atuação
Especial contra o Crime Organizado (Gaeco) e decretou a prisão preventiva do
social democrata. Diante disso, Mudrovitsch também requer anulação de todas as
decisões tomadas por ela.
A reclamação e o mérito do HC impetrado no judiciário estadual
ainda não foram apreciados. Ambas pretendem garantir a liberdade do social
democrata.
Riva está preso desde o último dia 21 acusado de desviar mais de
R$ 60 milhões dos cofres públicos por meio de fraude em licitação. O social
democrata responderá pelos crimes de formação de quadrilha e 26 peculatos, em
concurso de material.
De acordo com o Gaeco, o esquema se dava por meio de falsas
aquisições de materiais de expediente junto a cinco empresas do ramo de
papelaria, onde todas eram de “fachada”.
Além do social-democrata, sua esposa Janete Riva (PSD) e mais 14
pessoas também foram denunciadas. Apenas o ex-parlamentar, entretanto, teve a
prisão preventiva decretada.
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