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Cunha virou Napoleão que descoroa a si mesmo

Josias de Souza destaca que, na condução da reforma política, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) atingiu o ápice da eficiência. Ele mesmo criou uma comissão especial, ele mesmo escolheu o relator, ele mesmo jogou no lixo três meses de trabalho da comissão, ele mesmo fez de idiota o relator, destituindo-o do posto com humilhação.
“Fizemos papel de bobo”, disse Marcelo Castro (PMDB-PI), o relator que Cunha abençoou e excomungou. “Três meses trabalhando arduamente e não vamos votar o relatório, que já está pronto há 20 dias. O relatório era só 99% do que ele queria. Mas ele queria 100%”.
Sem um relatório, as propostas de alteração no rito político-eleitoral vão à sorte dos votos no plenário da Câmara. Pode sair dali qualquer tipo de reforma. Inclusive nenhuma. Autoconvertido em Napoleão da Câmara, Eduardo Cunha ainda não encontrou pela frente ninguém capaz de detê-lo. Com tédio do poder, dedica-se agora a desfazer o que ele próprio fez. Como um imperador se descoroando, o deputado planeja sua própria Waterloo. Sob atmosfera burlesca, virou um duque de Wellington de si mesmo.

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