É dessa forma, em primeira pessoa, que o samba-enredo da
Estação Primeira de Mangueira deste ano levará Jesus Cristo para a avenida. Com
o título A Verdade vos Fará Livre, a composição provoca, mas foge do
panfletário, ao colocar na letra uma verdade que parece tão óbvia e simples
quanto esquecida: Cristo defendeu a igualdade, o fim da opressão, os pobres,
desvalidos, julgados e criminalizados.
Após um 2019 de sucesso na Sapucaí, com um enredo que
homenageava os esquecidos pela história brasileira, o espírito do barracão é
taxativo: ninguém na comunidade duvida da força política do Carnaval. Manu da
Cuíca, umas das compositoras por trás da narrativa poética que levou o título
no ano passado, coloca novamente seu nome na história da escola.
em conversa com o Brasil de Fato, ela explica porquê usar a
figura de Jesus Cristo em primeira pessoa, que tipo de sensibilidade buscou
para contar a história de um personagem tão recorrente e evoca a esperança de
que desmontes nas políticas culturais, opressão e esquecimento por parte do
poder público não têm a capacidade de diminuir a força de uma das manifestações
culturais basilares da sociedade brasileira – o carnaval.
“Se fala tanto em Cristo, mas onde ele estaria hoje? Onde
ele teria nascido? Ele teria nascido pobre. Ele poderia ter nascido na
Mangueira. Se ele tivesse nascido no Morro da Mangueira, como é que seria sua
história? O que o estado faz em geral com os jovens moradores de favela?”
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