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Fiern é favorável à venda de ativos da Petrobras no RN



A venda da totalidade de ativos da Petrobras no Rio Grande do Norte, anunciada pela empresa, na última segunda-feira (24), abre novas oportunidades para aquecer a economia potiguar. A avaliação é do presidente do Sistema FIERN, Amaro Sales de Araújo, que considera a circunstância favorável à chegada de novas empresas e investimentos para o estado. O processo de venda trata da cessão dos direitos de exploração, desenvolvimento e produção de óleo e gás natural do conjunto de 26 concessões de campos de produção terrestres e de águas rasas, com instalações integradas, localizadas na Bacia Potiguar.

“O anúncio deste novo modelo, em que a Petrobras vai se desfazer de todos os seus ativos, aqui, nos traz, neste momento, uma certeza: virão novas empresas, novos protagonistas deste mercado de petróleo e gás, novos investimentos, novas oportunidades para o Rio Grande do Norte”, afirma Amaro Sales.  O Polo Potiguar compreende os subpolos Canto do Amaro, Alto do Rodrigues e Ubarana, totalizando 26 concessões de produção, 23 terrestres e três marítimas.


Ele lembra que a desmobilização, por parte da Petrobras, já vem acontecendo há algum tempo. E, à exemplo do que ocorreu com a venda dos campos maduros que, inicialmente, gerou receio e reflexão, o anúncio acendeu a esperança de atração de novos investidores para fazer frente a política de desinvestimentos adotada pela companhia.

“Quando a Petrobras anunciou a venda dos campos maduros tivemos um momento de reflexão, onde avaliamos que, ao longo de alguns anos, ela já estava sem fazer novos investimentos aqui. As novas empresas – 3R, Potiguar e outras – mostraram que vieram para investir para explorar novos campos e para trazer para o RN uma nova esperança na área de petróleo e gás”, afirmou.

O presidente da FIERN pondera que este fortalecimento da economia local não deve ocorrer de imediato, mas, com a mudança de operações para empresas menores, há o diferencial de uma gestão mais dedicada ao Rio Grande do Norte. “A Petrobras tem um olhar Brasil e estas empresas que estão ou virão para o Rio Grande do Norte tem um olhar aqui, na produção local, na produtividade daqui e na oportunidade de se produzir mais aqui”, observa.

A transferência dos campos maduros à iniciativa privada, na Bacia Potiguar, já apresenta resultados exitosos. Nos primeiros seis meses de operação, a empresa Potiguar E&P que assumiu o campo Riacho da Forquilha, em Mossoró, registrou crescimento de 29,6% na produção terrestre de petróleo no Rio Grande do Norte.

“As empresas que estão aqui hoje já tem uma produção acima do que a Petrobras tinha nestes campos que estão sendo explorados por estas novas empresas. Empresarialmente, as instituições privadas entendem que este é um novo tempo”, destacou Sales.

O secretário executivo da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Petróleo e Gás (ABPIP), Anabal Santos Júnior, observa que, nos últimos meses, o estado do Rio Grande do Norte tem sido o berço do renascimento da indústria onshore no Brasil, contribuindo para que a Bacia Potiguar mantenha o posto de maior produtora em terra do país, o que se comprova pelo fato de que o estado saiu na frente em face das primeiras transações resultantes do programa de desinvestimento da Petrobras.

Isso só foi possível, segundo ele, sobretudo na região de Mossoró, pela persistência de operadores independentes, como a Phoenix, Partex, Sonangol, Imetame, Petrosynergy, dentre outras que já operam há anos no estado e que continuam investindo na Bacia Potiguar, além da GeoPark que fez investimento exploratório recente. “Esse renascimento já mostrou toda sua força e pujança, como observada na última Mossoró Oil & Gas Expo, o maior evento do onshore do Brasil, realizada em novembro de 2019, e que trouxe de volta a esta cidade o título de Capital do Onshore Brasileiro”, disse o secretário da ABPIP.

Seguindo esse movimento, em abril, durante a pandemia, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) aprovou o processo de cessão do Pólo de Macau para a empresa operadora 3R Petroleum, que assumiu os campos abrindo mais uma frente de investimentos e de incremento de produção, renda, empregos e royalties. “Esses exemplos com dados concretos, ilustra bem e comprova o potencial das bacias terrestres do Brasil quando operados por empresas independentes. Temos exemplos de sucesso também em outras bacias terrestres, em campos operados pelas empresas independentes já citadas”, observa o representante da ABPIP.

Segundo a Petrobras, a produção média do Polo Potiguar de janeiro a junho de 2020 foi de aproximadamente 23 mil barris de óleo por dia (bpd) e 124 mil m³/dia de gás natural.

Setor estima crescimento da produção

O Rio Grande do Norte tem a maior produção onshore do Brasil. E já chegou ao patamar de produção de 120.000 barris/dia e, hoje, produz cerca de 30.000 barris/dia. “O RN chegou a ser o estado mais importante da produção onshore. Continuamos produzindo em terra e temos a possibilidade de produzir também em águas profundas. Esperamos fazer a cadeia do petróleo e gás, que já teve uma grande representação no PIB do Rio Grande do Norte, voltar a crescer ”, disse o presidente da FIERN. “Esperamos que a produção potiguar possa aumentar, como estimam técnicos do setor, em torno de 20%”, acrescenta Amaro Sales.

A expectativa de crescimento, segundo o presidente da FIERN, vem junto com a revitalização de campos, a operação de novas empresas no mercado e as boas perspectivas geradas com a venda dos ativos do Canto do Amaro, alvo de interesse de investidores.

O Polo Potiguar compreende três subpolos (Canto do Amaro, Alto do Rodrigues e Ubarana), totalizando 26 concessões de produção, 23 terrestres e três marítimas, além de incluir acesso à infraestrutura de processamento, refino, logística, armazenamento, transporte e escoamento de petróleo e gás natural. As concessões do subpolo Ubarana estão localizadas em águas rasas, entre 10 km e 22 km da costa do município de Guamaré. As demais concessões dos subpolos Canto do Amaro e Alto do Rodrigues são terrestres.

Além das concessões e suas instalações de produção, está incluída na transação a Refinaria Clara Camarão, localizada em Guamaré, com capacidade instalada de refino de 39.600 bpd.  “Quando nós perdemos a refinaria anos atrás foi por uma questão política. A Clara Camarão poderá receber novos investimentos. E, se tivermos uma produção de petróleo maior, poderemos ter uma refinaria pequena e uma de porte maior, até porque já existe uma infraestrutura e ativo que pode ser direcionado para uma produção e refino do nosso óleo aqui no estado”, afirma Amaro Sales.

A operação de venda de ativos anunciada pela Petrobras “está alinhada à estratégia de otimização de portfólio e melhoria de alocação do capital da companhia, passando a concentrar cada vez mais os seus recursos em águas profundas e ultra profundas, onde a Petrobras tem demonstrado grande diferencial competitivo ao longo dos anos”, segundo comunicado.

O detalhamento da oportunidade e os critérios de elegibilidade para a seleção de potenciais compradores foram publicados no site da companhia.

FIERN promoverá fóruns de discussão

As novas oportunidades do mercado de Petróleo e Gás no Rio Grande com a venda dos ativos da Petrobras serão debatidas em fóruns promovidos pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte, com especialistas, empresários e gestores do setor. “A FIERN vai formatar fóruns para que possamos discutir este momento. Não podemos ficar de braços cruzados para chegada das novas empresas. Nós temos serviços para oferecer, principalmente o Sistema Indústria, que já tem uma rede de empresas que fornecem serviços, contamos com a formatação da RedePetro e empresários que possuem a expertise na área e poderão contribuir”, disse o presidente da FIERN, Amaro Sales de Araújo.

O Rio Grande do Norte possui centros de referência na capacitação de pessoal e prestação de serviços especializados, como o SENAI e CTGAS-ER, voltados para o setor de petroleiro e do gás. “Nós temos o SENAI, o CTGAS-ER, os laboratórios, a prestação de serviço ao setor da cadeia de petróleo e gás que estão com seus equipamentos prontos para atender as empresas que venham para o Rio Grande do Norte, de forma a assessorar, ajudar para que esta produção venha a se estender no Rio Grande do Norte”, destacou.

“Além disso, o estado dispõe de mão de obra especializada e pronta. Entendemos que vai haver uma troca de empresas, mas não a descontinuidade da produção. A Petrobras estava definhando os seus investimentos no RN. E ela não vai deixar de produzir amanhã. Ela tem ativos que precisa manter até a troca de comando. E vai continuar produzindo, não vai parar o processo”, acrescentou o presidente da FIERN.

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