Por Dorjival Silva
Dois meses após o início das aulas não-presenciais na rede pública estadual de Mato Grosso, o governo anuncia que iniciará a entrega de apostilas para os 386 mil estudantes matriculados.
O material, que foi apresentado nesta segunda-feira (26), ainda será distribuídos para as coordenações regionais e, em seguida, repassado para as unidades escolares.
O conteúdo do material foi doado pela Editora Moderna à Secretaria de Estado de Educação (Seduc), que custeou a impressão pelo valor de R$ 0,02 a página. Como a aquisição aconteceu em grande volume, houve uma economia em relação ao material impresso no ano anterior, pago pela própria escola, que era em média de R$ 0,15 a página.
A ação visa a “modernizar” a educação pública, como disse o governador do Estado, Mauro Mendes, durante o ato de entrega do material. Na ocasião, ele lembrou de outra medida, que na avaliação dele, foi de grande impacto, o financiamento de computadores para os professores no valor de R$ 3,5 mil, que depois serão descontados em folha, e o subsídio de R$ 70, sem retorno, por três anos, para auxiliar nos custos com internet.
Evasão escolar
Em ambos os casos, o investimento teve um objetivo além do visível aos olhos, avalia o presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Público de Mato Grosso (Sintep), Valdeir Pereira, tentar frear a evasão escolar.
Ele lembra que, entre os anos de 2019 e 2020, mais de 25 mil alunos deixaram de se matricular e, para este ano, a perspectiva é de que o número aumente ainda mais.
Neste ponto, vale lembrar que muitos dos recursos da Educação são encaminhados a partir da quantidade de alunos matriculados, o que pode representar mais uma perda para o setor.
O professor defende que é preciso investir em plataformas digitais, mas não pode se desconsiderar que o público da rede pública é altamente heterogêneo e que cada estudante tem diferentes formas de aprendizagem e acesso às tecnologias.
Plataformas e apostilas
Entre os que hoje estão matriculados, existem os que conseguem acompanhar os conteúdos pelas plataformas digitais e grupos de WhatsApp e também os que têm uma característica autodidata e obtêm resultado com o estudo via apostilas.
Contudo, existem aqueles que não se encaixaram ou que não possuem internet para optar pelo método que consideram adequado, como os que vivem em situação de vulnerabilidade, até mesmo insegurança alimentar, moram em municípios mais distantes, zona rural e área indígenas. E, todos eles têm direito a educação.
Pereira lembra que o Sintep tem discutido uma ação mais efetiva do Estado e chegou a apresentar a possibilidade de usar a TV Assembleia e até mesmo o rádio, compondo assim um aprendizado com possibilidades multimídias.
“Em alguns lugares, o sinal da internet não chega e nem da TV. Mas o rádio está presente e pode ser usado”, explica.
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