A diretoria da CBF reagiu nesta quinta-feira à carta que o presidente afastado da entidade, Rogério Caboclo, enviou na quarta para os presidentes das 27 federações estaduais de futebol, numa tentativa de retomar o poder na entidade.
Os 16 diretores da CBF enviaram outra carta, aos mesmos destinatários, na qual acusam Caboclo de fazer uma gestão “autoritária, centralizadora, errática e personalista”. No documento, eles também afirmam que o presidente afastado tentou usar os cofres da entidade para financiar um acordo particular.
As 27 federações estaduais serão decisivas na votação — ainda a ser convocada — que decidirá a destituição de Caboclo do cargo. Antes disso, a Comissão de Ética deve concluir sua investigação sobre a denúncia de assédio moral e sexual apresentada por uma funcionária contra Rogério Caboclo.
Dois dias depois da denúncia, em 6 de junho, Caboclo foi afastado da presidência da CBF por 30 dias, por determinação da Comissão de Ética do Futebol Brasileiro. Na ocasião, a entidade informou que o processo seguiria em sigilo. Desde então, o dirigente articula nos bastidores para tentar voltar ao poder.
Após a conclusão da investigação da Comissão de Ética – caso o parecer seja pelo afastamento definitivo – a CBF deve convocar uma Assembleia Geral Administrativa para votar a destituição de Rogério Caboclo. O Código de Ética determina que as decisões da Comissão devem ser aprovadas por 3/4 do total de federações.
Ou seja: Caboclo precisa ter o apoio de 7 das 27 federações estaduais para voltar ao poder. Por pressão dos patrocinadores e também para resolver impasses internos sobre o futuro, a CBF tem como prioridade garantir que a decisão da Comissão seja referendada de forma unânime. Caso a Assembleia Geral decida votar sua destituição antes de esperar a decisão da Comissão de Ética, ou seja, o impeachment do presidente, aí são necessários 8/10 para cassar o dirigente. Ou seja: 22 dos 27 votos.
Leia a íntegra da carta da diretoria da CBF:
“Senhores Presidentes,
Em nome da transparência e do respeito que a Confederação Brasileira de Futebol tem pelas Federações Estaduais, informamos que a Diretoria da CBF protocolou nesta quarta-feira (23/6) manifestação à Comissão de Ética do Futebol Brasileiro, nos termos do artigo 143 do Estatuto Social da entidade. A Diretoria, de forma unânime, defende que seja mantido o afastamento do presidente Rogério Caboclo até a conclusão das investigações das graves acusações que pesam contra ele, de assédio sexual e assédio moral contra uma funcionária da entidade.
Denúncias dessa gravidade precisam ser apuradas de forma isenta e livre de pressões. Sem ameaças, promessas de vantagens ou tentativas de usar os cofres da entidade para financiar acordos de caráter particular. Essa sempre foi e continuará a ser a postura desta Diretoria.
Ao invés de tentar justificar sua conduta, Rogério Caboclo opta por desviar o foco das contundentes acusações, recorrendo a infundadas teorias da conspiração que não guardam nenhuma relação com o assunto.
A Diretoria da CBF não é um órgão político. Nossa função é técnica. Temos nos concentrado em trabalhar pela continuidade do futebol brasileiro, das competições e das atividades das Seleções, sob a liderança do presidente Antônio Carlos Nunes. Assim como sempre fizemos durante a gestão do presidente afastado, mesmo quando o trabalho era dificultado por uma condução centralizadora, autoritária, errática e personalista. Invariavelmente trabalhamos para preservar a governabilidade da entidade e evitar abusos de poder.
Os Senhores, que conhecem como ninguém a rotina da CBF, são testemunhas desse trabalho. Os Diretores, em conjunto com os Vice-Presidentes e com todos os colaboradores da CBF, contando com o inestimável apoio dos Presidentes das Federações, têm trabalhado incansavelmente em prol do constante de envolvimento do futebol brasileiro.”
GE-Globo
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