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Classe média negra

André Ramos é um playboy rico e sedutor. Frequenta restaurantes chiques, se diverte nas melhores boates, pega as mulheres mais lindas e desejadas do pedaço. O que isso tem de errado? Nada.

Mas o fato de André Ramos ser negro sugere um amplo debate sobre as mudanças sociais que estão ocorrendo no Brasil. André é o personagem da novela “Insensato Coração”, representado pelo ator baiano Lázaro Ramos, que está dando o que falar.

A edição da semana da revista Época, em reportagem de capa, aproveita a trama global para dissecar esse novo momento. Realmente, é um teste interessante, que desafia discursos conflitantes em torno da discriminação racial e social no Brasil.

A reportagem assinada pelos jornalistas Bruno Segadilha e Martha Mendonça revela a ascenção dos negros a partir da subtração das desigualdades no País. Dados do IBGE, inseridos na matéria, revelam que em 2009, entre os negros, 28% cursavam o ensino superior. Dez anos antes, eram apenas 7,5%.

A Fundação Getúlio Vargas revelou, em pesquisa, que a taxa de crescimento da renda dos negros entre 1998 e 2008 foi o triplo registrada entre os brancos no mesmo período. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) afirma que metade dos negros brasileiros (53,5%) pertence à classe média, tem renda superior a R$ 1.500,00.

O economista Marcelo Néri, da FGV, tem uma explicação: A universalização da educação, desde 1998, criou uma geração mais instruída, portanto, melhor remunerada, independentemente de cor, raça ou religião. Néri fez uma previsão otimista: Nesse ritmo, brancos e negros eliminariam as diferenças sociais em 20 anos.

Mas há controvérsia, diante do fosso que ainda separa as classes sociais no País. “Gente como Pelé e Lázaro Ramos, infelizmente, são casos únicos”, entende o curador do Museu Afro-Brasileiro, Emanoel Araújo.

Ele revela que nos lugares mais ricos de São Paulo e Rio, os negros não passam de 16% e 15%, respectivamente. É verdade. Porém, não há como fechar os olhos para as mudanças. A classe média brasileira se tornou mais negra. Isso é fato. Por Cérsar Santos

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