Daniel Lopes |
Por Daniel Lopes
Se perguntarmos a qualquer parvo nos dias de hoje o que é um ficha suja, de pronto teremos a resposta, ainda que ela não seja gramaticalmente aceita, mas ontem para a decepção das pessoas sérias deste país o mais novo membro do STF, o Ministro Luiz Fux, com seu esperado (e decepcionante) voto, ressuscitou um exercito de políticos que aquela corte deveria expurgar para o bem da nação.
Perplexos assistimos a mais alta corte do país dizer que políticos acusados de desviaram dinheiro da saúde, das escolas, da segurança, que lavaram dinheiro, compraram votos e até atiraram em colegas, podem lépidos e fagueiros seguirem suas vidas de vilipendio ao código penal e ainda serem “representantes” do povo.
A mais alta corte do país que deveria zelar pelo bem da nação, novamente traiu o desejo popular que com uma mobilização inédita no Brasil, criou a lei da ficha limpa. O voto dos que defendem desde sempre os velhacos da política já era esperado, pois em outra votação o empate foi amplamente divulgado.
A conveniente e estranha aposentadoria do Ministro Eros Grau deu um fôlego e esperança aos mais de duzentos políticos que só em uma tacada essa lei tirou de cena por um breve período. O voto do Ministro Fux é de uma maldade que poucas vezes se viu nesse país. O voto de um juiz como ele, onde uma dita brilhante carreira jurídica, coroada com a indicação e nomeação para o topo da carreira de um magistrado, deixou apenas o sentimento de uma grande decepção.
Quem entende o mínimo necessário sobre essa lei, sabe quão importante ela é, e todo o simbolismo que existe por trás dessa iniciativa popular, cujo objetivo era somente dar um basta à gente que compra voto, corrompe, mata, desvia recursos públicos e depois vai se esconder atrás de um mandato.
O mandato dessa gente normalmente é dado nas urnas por imbecis e incapazes de votar; pois somente gente imbecil e incapaz de votar é que elege políticos notoriamente corruptos, que respondem a dezenas de processos e nas eleições aparecem maquiados, sorridentes, distribuindo gasolina, cesta básica, e toda sorte de quinquilharias que momentaneamente resolvem problemas. Esse mesmo eleitor néscio morre depois nos hospitais fétidos e lotados do serviço publico de saúde, seus filhos vão para escolas onde nada aprendem e sua vida nada vale nas mãos de bandidos que se proliferam por falta de segurança e políticas serias nestas citadas áreas, a saber, educação, saúde, segurança entre outras.
São os fichas sujas que com sua notória fome em roubar o erário, nomeiam parentes laranjas para empresas que vão desviar dinheiro para campanha eleitoral; que ao desviar recursos públicos tornam a vida da população um inferno na terra e eram esses políticos nefastos que aquela corte deveria ter barrado e enterrado em definitivo.
O frágil argumento usado pelo Ministro Fux, de que “nenhuma lei deve estar acima da Constituição” é quase uma piada, afinal nossa Constituição é rasgada todos os dias , quando crianças morrem em UTI’s infectas, quando anciãos vivem apavorados com uma aposentadoria ínfima, quando país são condenados com suas famílias a viver em lugares perigosos e insalubres ou ainda quando crianças vivem famélicas pelas ruas das grandes cidades, drogando-se e sendo mortas. E assim, e somente assim que nossa Constituição sofre o mais ignominioso vitupério, mas seis dos ministros daquela corte acham que barrar os fichas sujas pode “magoar a constituição”, que vergonha.
Aliás, o próprio resultado da votação (6 a favor 5 contra) é por si uma incógnita, pois se a lei afronta a Constituição, então existem lá cinco Ministros que não conhecem a Carta Magna não é? A não aplicabilidade imediata na lei da ficha limpa trará de volta políticos nefastos como Jader Barbalho , que tirará o mandato da combativa senadora Marinor Brito, vai mudar significativamente a composição da câmara e do senado, de assembléias estaduais e até de câmaras de vereadores Brasil afora. O Brasil perde, perde em todos os sentidos e embora não digam, até por estarem cansados de lutar uma luta desigual, os brasileiros decentes estão hoje andando pelas ruas duvidando se vale mesmo a pena ser honrado e honesto.
A decepção hoje tem um nome, Luiz Fux.
Daniel Lopes reside em Cuiabá
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