Por César Santos
Na última disputa presidencial, o tucano José Serra teve que gritar, sem convencer, que seria contra a privatização da Petrobras caso chegasse à Presidência da República. A mesma dificuldade ele teve em 2002 e, igualmente, sofreu Geraldo Alckmin em 2006.
Prevaleceu o discurso politicamente correto do PT, de transferir para o PSDB a ameaça de privatização, embora seja consciente de que o tema nunca esteve em qualquer projeto de governo. Desde a campanha “O Petróleo é Nosso”, na era Vargas, que a estatal passou a ser um patrimônio intocável dos brasileiros.
Daí, o discurso fácil em sua defesa, abrindo margem para uso político-eleitoral, como tem ocorrido em todas as campanhas presidenciais depois da redemocratização. Mas será que o governo do PT faz diferente do que fez FHC em defesa da Petrobras?
Na audiência pública realizada pela Câmara Municipal de Mossoró, a diretoria do Sindicato dos Petroleiros (SINDIPETRO-RN) apresentou números que contradizem o discurso oficial. Segundo a entidade, 80% dos trabalhadores na indústria petrolífera do Rio Grande do Norte estão nos quadros das subsidiárias e apenas 20% são funcionários da Petrobras.
É ou não é a privatização da estatal? Esse percentual se repete em toda área de atuação da Petrobras, numa afronta ao que o governo do PT prega, em detrimento da estatização da companhia de petróleo. Portanto, do discurso para a prática há uma distância, porém, devidamente medida a cada quatro anos, quando entra em disputa o poder central.
Alguém tem dúvida de que PT e PSDB irão debater a “ameaça” de privatização da Petrobras nas próximas eleições presidenciais? O pior é que o cidadão simples, de pouco conhecimento do assunto, se deixa levar pelo discurso de ocasião, elegendo ou derrotando de acordo com o poder de convencimento de cada candidato.
O eleitor continuará servindo de massa de manobra. Infelizmente.
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